Campo hegemônico branco define parâmetros da descriminalização da cannabis, critica Lívia Casseres

247 - Coordenadora de Justiça Ético-Racial da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad) do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Lívia Casseres questionou se o "progresso limitado na reforma da política de drogas" não foi influenciado por um campo hegemonicamente branco, que estabeleceu os parâmetros da discussão sobre descriminalização. 

Ela falou no painel "O Combate ao Racismo e ao Encarceramento em Massa", durante o evento "A Política Nacional sobre Drogas: Um Novo Paradigma", realizado pelo Brasil 247, TV 247 e Consultor Jurídico, com apoio do grupo Prerrogativas, em Brasília (DF).

Casseres criticou a dificuldade da "branquitude narcísica em abordar questões como o uso lesivo de crack por pessoas em situação de rua" e destacou que o racismo permeia até mesmo os campos que lutam por reformas, "dominados por academicismos que ignoram as vozes das periferias".

"Precisamos sair da zona de conforto de uma crítica muito branca, que se limita a denunciar a seletividade, o encarceramento em massa e paraliza a agenda de reforma de uma política sobre drogas", afirmou. 

Ela propôs avançar em políticas que combatam as violências associadas ao mercado ilegal de drogas, com foco em alternativas de renda para a juventude negra e periférica. 

"Temos feito esforços para investir na sociedade civil com preocupação racial e aproximação com movimentos sociais, além de políticas que olham para as violências associadas ao mercado ilegal de drogas, com ofertas de alternativa de renda para a juventude, para que deixem de ser mortas e encarceradas", afirmou. 

Casseres também reforçou a importância de construir uma agenda de justiça racial em conjunto com movimentos sociais e a sociedade civil.

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