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Lula mergulha na articulação e chama relator da indicação de Messias ao STF

Diante da dificuldade no Congresso e da resistência de Alcolumbre, presidente quer mapear insatisfações e abrir caminho para Messias

Presidente Lula indica Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ampliou pessoalmente as articulações para fortalecer a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF). A movimentação ocorre em meio ao clima adverso no Senado e, de acordo com Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo, Lula chamou o senador Weverton Rocha (PDT-MA), relator do processo, para uma reunião reservada a fim de ajustar a estratégia política.

O encontro estava previsto para domingo (30), mas foi remarcado para esta segunda-feira (1º) devido a conflitos de agenda. A iniciativa busca conter a resistência do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que preferia ver o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) indicado à vaga e agora trabalha para barrar o nome apresentado por Lula.

No centro da articulação, Weverton — vice-líder do governo — foi acionado para mapear insatisfações entre senadores e colaborar na construção de um caminho que leve a uma votação favorável ao chefe da Advocacia-Geral da União. O parlamentar já adiantou que apresentará relatório favorável a Messias. A aprovação na Comissão de Constituição e Justiça é considerada provável, mas o governo sabe que o desafio maior está no plenário, onde Alcolumbre teria maioria.

A tensão se agravou nos últimos dias. No domingo (30), Alcolumbre divulgou nota criticando informações que apontavam suposta exigência de cargos em troca de apoio ao indicado do governo. “É nítida a tentativa de setores do Executivo de criar a falsa impressão, perante a sociedade, de que divergências entre os Poderes são resolvidas por ajuste de interesse fisiológico, com cargos e emendas. Isso é ofensivo não apenas ao Presidente do Congresso Nacional, mas a todo o Poder Legislativo”, afirmou.

O presidente do Senado acrescentou ainda: “Em verdade, trata-se de um método antigo de desqualificar quem diverge de uma ideia ou de um interesse de ocasião. Nenhum Poder deve se julgar acima do outro, e ninguém detém o monopólio da razão. Tampouco se pode permitir a tentativa de desmoralizar o outro para fins de autopromoção, sobretudo com fundamentos que não correspondem à realidade”.

Diante da crise, integrantes do governo entraram em campo para conter o desgaste. Ministros de Lula procuraram jornalistas para reforçar que Alcolumbre não está impondo condições ao Palácio do Planalto. Em publicação no X, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), afirmou que o Executivo mantém “o mais alto respeito e reconhecimento” pelo presidente do Senado. “Jamais consideraríamos rebaixar a relação institucional com o presidente do Senado a qualquer espécie de fisiologismo ou negociações de cargos e emendas”, declarou.

A articulação continuará intensa nos próximos dias, com o Planalto concentrando esforços para garantir que Messias avance nas etapas decisivas de sua indicação ao Supremo.

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