Prisão de Bolsonaro pode acirrar clima para indicação de Messias ao STF
Governo teme que transferência de Bolsonaro para a Papuda complique a provável indicação de Jorge Messias ao Supremo
247 - O Palácio do Planalto acompanha com crescente apreensão a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal (STF) determinar, nos próximos dias, que Jair Bolsonaro (PL) inicie o cumprimento de pena em regime fechado no Complexo da Papuda, em Brasília. A avaliação interna é de que a medida pode gerar forte turbulência no ambiente político.
De acordo com Igor Gadelha, do Metrópoles, o alerta entre ministros e assessores se concentra especialmente no momento em que a decisão pode ser tomada. Isso porque a prisão de Bolsonaro tende a afetar diretamente a articulação para aprovar, no Senado, a provável indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao STF.
A percepção entre auxiliares do governo é que, embora a prisão seja amplamente esperada, sua efetivação deverá acirrar tensões entre senadores, criando um obstáculo adicional para a aprovação de Messias. Na semana passada, parlamentares já haviam sinalizado ao Planalto que o advogado-geral da União não dispõe hoje de votos suficientes para ser confirmado no cargo.
Segundo lideranças do Senado, um dos sinais dessa resistência foi o placar apertado que marcou a recondução do procurador-geral da República, Paulo Gonet, votada na quarta-feira (12). Alvo de críticas da direita após denunciar Bolsonaro no inquérito do golpe, Gonet garantiu novo mandato por 45 votos a 26 — o resultado mais estreito para um PGR desde a redemocratização.
A expectativa no governo é de que o ministro Alexandre de Moraes tome a decisão sobre Bolsonaro entre o fim de novembro e o início de dezembro. Até lá, a indicação de Jorge Messias deverá já estar em análise no Senado, ampliando o risco de que o cenário político se torne ainda mais imprevisível.


