Relator quer convocar Weverton Rocha para depor na CPMI do INSS
Deputado afirma que senador precisa explicar suspeitas investigadas pela Polícia Federal em apuração sobre fraudes no INSS
247 - A CPMI do INSS, instalada no Congresso Nacional para apurar um esquema de descontos irregulares em benefícios previdenciários, deve ouvir o senador Weverton Rocha (PDT-MA) após a operação deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (18). A avaliação é do relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), que considera necessário colher o depoimento do parlamentar diante dos desdobramentos recentes da investigação.
Em entrevista à Folha de São Paulo, Alfredo Gaspar afirmou que o requerimento para convocar Weverton já existe, mas ainda precisa ser pautado e aprovado pelo colegiado. “Tem que prestar depoimento. [Sobre] Weverton tinha pedido, mas falta pautar”, declarou o relator, ressaltando que esse tipo de deliberação é um procedimento padrão dentro de uma Comissão Parlamentar de Inquérito.
Além do senador, a operação também teve como alvo Adroaldo da Cunha Portal, ex-assessor de Weverton Rocha e, até a ação policial, secretário-executivo do Ministério da Previdência. Após a operação, o ministro Wolney Queiroz determinou sua exoneração. Adroaldo foi alvo de prisão preventiva em regime domiciliar. Segundo Alfredo Gaspar, a CPMI também precisa ouvi-lo, mas houve resistência de aliados do governo para aprovar o requerimento de convocação.
Weverton Rocha, líder do PDT no Senado e um dos vice-líderes do governo Lula (PT), passou a ser investigado após pessoas ligadas ao seu entorno aparecerem nas apurações sobre o suposto esquema de fraudes no INSS. A residência do senador em Brasília foi alvo de mandado de busca e apreensão, embora não tenha havido diligências em seu gabinete no Senado.
Durante os trabalhos da CPMI, o empresário Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS” e apontado como um dos operadores do esquema de descontos irregulares, afirmou ter participado de um churrasco na casa de Weverton Rocha. Segundo ele, o encontro teria servido para tratar da regulação da venda de derivados de cannabis, atividade que classificou como representação empresarial, sem relação com aposentadorias ou benefícios previdenciários.
Em nota divulgada após a operação, o senador comentou a ação policial. “O senador Weverton Rocha informa que recebeu com surpresa a busca na sua residência, e com serenidade se coloca à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas assim que tiver acesso integral à decisão”, afirmou.
O empresário também relatou que esteve no gabinete do senador em outras ocasiões, mas sem contato direto com Weverton. De acordo com seu depoimento, as conversas teriam ocorrido com Adroaldo Portal, então assessor do parlamentar, e igualmente relacionadas ao mercado de cannabis.
Diante das suspeitas, a CPMI solicitou ao Senado Federal a lista de gabinetes visitados por Antonio Carlos Antunes. O documento, no entanto, não foi divulgado, após parecer da Advocacia do Senado que classificou a informação como sigilosa. As investigações também identificaram a participação de um ex-assessor de Weverton, Gustavo Gaspar, que teria assinado uma procuração para movimentação de contas bancárias entregue a Rubens Oliveira, apontado como outro operador do esquema.
A operação desta quinta-feira também resultou na prisão de Romeu Carvalho Antunes, filho do “Careca do INSS”. Antonio Carlos Antunes está preso desde setembro, e sua defesa sustenta que ele é inocente. A ação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal André Mendonça e cumpriu 16 mandados de prisão preventiva e 52 de busca e apreensão, com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU).



