Soldado admite feminicídio contra cabo em quartel do Exército
Militar, que tinha relacionamento extraconjugal com a vítima, confessou crime e incêndio após discussão
247 - Um feminicídio dentro de uma unidade militar do Exército chocou Brasília na tarde de sexta-feira (5). A cabo Maria de Lourdes Freire Matos, de 25 anos, foi encontrada morta na área da fanfarra do 1º Regimento de Cavalaria de Guardas (RCG), no Setor Militar Urbano. O Metrópoles detalhou a investigação conduzida pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
Segundo o delegado Paulo Noritika, da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), agentes foram acionados após um incêndio ser detectado na área da fanfarra. “A vítima foi vista pela última vez na fanfarra, na companhia de um soldado, então suspeito, que não foi encontrado no local com a chegada dos agentes”, afirmou o delegado ao portal.
O suspeito, o soldado Kelvin Barros da Silva, 21 anos, foi localizado e confessou o crime. Ele integra o 1º Regimento de Cavalaria de Guardas, tradicional unidade do Exército conhecida como Dragões da Independência e que serve à Presidência da República.
De acordo com Noritika, Kelvin relatou ter um relacionamento extraconjugal com a cabo e disse que a discussão entre os dois teria culminado no crime. “Em depoimento, ele disse que tinha um relacionamento extraconjugal com a vítima e que, após uma discussão, em que a mulher exigiu que ele terminasse com a atual namorada e a assumisse, conforme prometido pelo autor, a vítima teria sacado sua arma de fogo”, contou o delegado.
O investigador explicou que o soldado reagiu no momento em que a cabo tentou municiar a pistola. “O homem teria segurado a pistola enquanto ela tentava municiá-la. Enquanto isso, ele teria conseguido alcançar a faca militar da vítima, que estava em sua cintura, e a atingiu, profundamente, na região do pescoço”, detalhou Noritika. A faca permaneceu no local do ferimento até a chegada das equipes de emergência.
Ainda segundo o delegado, após o golpe fatal, Kelvin ateou fogo ao ambiente. “Depois disso, no desespero, ele pegou um isqueiro e álcool, incendiando a fanfarra em seguida e fugindo do local, levando a pistola consigo e se desfazendo dela”, afirmou. O militar está sob custódia no Serviço de Guarda do Exército e responderá por feminicídio, furto de arma, incêndio e fraude processual, podendo ser condenado a até 54 anos de prisão.
Luto e investigação
Maria de Lourdes integrava o Exército havia cinco meses, atuando como musicista. Ela foi encontrada morta pelos militares do Corpo de Bombeiros, acionados para controlar o incêndio na área da fanfarra.
Em nota, o Comando Militar do Planalto lamentou profundamente o caso. “O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal foi acionado imediatamente e, em conjunto com militares do 1º RCG, controlou o fogo. A família da militar está recebendo todo o apoio necessário do Comando Militar do Planalto neste momento de dor”, informou a instituição.
A corporação destacou que uma investigação foi aberta para esclarecer todas as circunstâncias do crime, com perícias realizadas pelo Batalhão de Polícia do Exército, pela Polícia Civil e pelo Corpo de Bombeiros.
Nas redes sociais, o 1º Regimento de Cavalaria de Guardas prestou homenagem à cabo, enfatizando seu desempenho exemplar. “O 1º Regimento de Cavalaria de Guardas manifesta profundo pesar pelo falecimento da cabo Maria de Lourdes Freire Matos, cuja trajetória na instituição foi marcada por dedicação, profissionalismo e um compromisso exemplar com o serviço prestado na fanfarra”, publicou o batalhão. “Neste momento de dor, expressamos nossas mais sinceras condolências aos familiares, amigos e irmãos de farda”, acrescentou.



