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STF suspende julgamento de 'kids pretos' acusados de planejar morte de autoridades

Sessão será retomada na terça com voto do ministro Alexandre de Moraes sobre grupo acusado envolvimento em trama golpista

Julgamento do núcleo 3 da trama golpista (Foto: Rosinei Coutinho/STF)

247 - A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu nesta terça-feira (12) o julgamento do grupo conhecido como “kids pretos”, acusado de integrar uma organização criminosa que teria atuado para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder, mesmo após a derrota nas urnas em 2022. Segundo o g1, o caso será retomado na próxima terça-feira (18), quando o relator, ministro Alexandre de Moraes, apresentará seu voto.

O julgamento trata do chamado “núcleo 3”, composto por dez réus, entre militares e civis, acusados de envolvimento no plano “Punhal Verde-Amarelo”, que previa atentados contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin e o próprio ministro Moraes.

Defesa nega participação e critica provas da acusação

O advogado Jeffrey Chiquini da Costa pediu a absolvição do tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo, único réu preso preventivamente, e argumentou que ele “não tem qualquer ligação com o plano Punhal Verde-Amarelo”. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o militar teria participado de reuniões de teor golpista, o que a defesa nega.

“Azevedo, que a acusação coloca como liderança de monitoramento, não participou das reuniões. Ministro presidente, veja só a insanidade acusatória. Como que um tenente-coronel, que é liderança, não participa das reuniões de planejamento? Não faz sentido”, disse o advogado durante a sessão.

Fotos utilizadas pela defesa são questionadas

A defesa também apresentou fotos do aniversário do réu para tentar demonstrar que ele não esteve envolvido nas ações do dia 15, data em que, segundo a denúncia, os acusados monitoraram autoridades. Moraes, no entanto, questionou a ausência de registros fotográficos da data. “Não teria uma foto do dia do aniversário dele? Porque todos nós tiramos fotos no dia do nosso aniversário”, ironizou o ministro.

O advogado respondeu afirmando que o celular do militar foi apreendido e não houve acesso às imagens. “Excelência, essa pergunta é maravilhosa. Vamos suspender o julgamento e oficiar a Polícia Federal para fornecer o laudo de extração do celular do Azevedo”, disse, criticando a falta de transparência na investigação.

Flávio Dino cobra respeito e ética durante as sustentações

O clima ficou tenso após as críticas à PGR. O ministro Flávio Dino, que preside o colegiado, cobrou respeito dos advogados e lembrou que o plenário do STF “não é uma tribuna parlamentar”. “O tribunal tem sido, ao longo desses mais de 100 anos de República, extremamente leal com a advocacia brasileira; portanto, reivindicamos idêntico tratamento, não só nesta tribuna como fora dela”, afirmou Dino, de acordo com a reportagem.

Ele destacou que o colegiado valoriza as manifestações das defesas ao decidir sobre absolvições, rejeição de denúncias e penas, mas ressaltou que todos os participantes do processo devem agir com ética e equilíbrio.

Outros réus também negam envolvimento em plano golpista

As defesas dos tenentes-coronéis Ronald Ferreira e Sergio Cavalierri também negaram a participação dos militares em qualquer tentativa de golpe. O advogado João Carlos Dalmagro Júnior afirmou que “o coronel Ronald não é kid preto e em momento algum planejou qualquer ação contra o Estado Democrático de Direito”.

Já o advogado Igor Laboissieri Vasconcelos Lima, responsável pela defesa de Cavalierri, recorreu a uma citação da obra Senhor dos Anéis para ilustrar sua sustentação e destacar a importância da lealdade.

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