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TCU arquiva denúncia contra Hugo Motta por contratação de funcionários fantasmas

Corte entendeu que denúncia não tinha indícios mínimos, apesar de parecer técnico apontar necessidade de apuração

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, em Brasília (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)

247 - A Primeira Câmara do Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu encerrar a análise da denúncia que apontava a presença de funcionárias fantasmas no gabinete do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). A decisão contraria a recomendação da área técnica da Corte, que havia sugerido aprofundar a apuração. 

Segundo o g1, o acórdão divulgado nesta quinta-feira (13) mostra que o relator do caso, o ministro Jhonatan de Jesus, concluiu que a representação não apresentava indícios mínimos capazes de justificar a continuidade do processo. A decisão da Primeira Câmara foi unânime: os ministros resolveram não conhecer a representação e determinaram o arquivamento imediato.

Relator afirma falta de indícios e afasta apuração

Jhonatan de Jesus destacou que a jurisprudência do TCU estabelece a necessidade de elementos concretos para admitir denúncias ou representações. Segundo o ministro, o caso estava sustentado apenas em reportagens jornalísticas, o que, para ele, seria insuficiente para justificar diligências ou pedidos de esclarecimento. A reportagem destaca que o relator é ex-deputado federal e foi nomeado à Corte após integrar o Republicanos, e já havia se referido a Hugo Motta como “amigo deputado” nas redes sociais, em 2020. 

Área técnica defendia ouvir o gabinete de Motta

O posicionamento diverge do parecer da Auditoria Especializada em Gestão do Estado e Inovação (AudGestãoInovação). De acordo com a reportagem, os auditores afirmaram que estavam presentes “alguns pressupostos de admissibilidade”.

O texto recomendava que o gabinete de Motta fosse acionado para esclarecer o regime de trabalho das servidoras apontadas como funcionárias fantasmas. A área técnica defendia que a oitiva deveria ocorrer antes de qualquer juízo definitivo sobre o prosseguimento da representação.

O subprocurador-geral do Ministério Público junto ao TCU, Lucas Furtado, também opinou pela necessidade de apuração, ressaltando que os indícios mencionados demonstravam “grave descaso com a gestão dos recursos públicos”.

Denúncia envolvia rotinas incompatíveis

O caso ganhou repercussão após reportagens da Folha de S.Paulo apontarem que três servidoras do gabinete de Motta exerciam atividades incompatíveis com o expediente na Câmara.

A fisioterapeuta Gabriela Pagadis atendia em duas clínicas de Brasília enquanto recebia R$ 11,8 mil do Legislativo. Contratada em 2017, ela era assessora no período em que sua mãe, Athina Pagidis, chefiava o gabinete do deputado.

Outra servidora era Louise Lacerda, estudante de medicina em curso integral na Paraíba, que recebia R$ 2,8 mil de salário mais R$ 1,8 mil em auxílios. A terceira, Monique Magno, acumulava o cargo no gabinete com a função de assistente social na Prefeitura de João Pessoa, recebendo, da Câmara, R$ 1,8 mil mais benefícios. A denúncia também mencionava que cinco parentes das servidoras mantiveram vínculos empregatícios com o gabinete em anos anteriores.

Hugo Motta tem evitado comentar o caso publicamente. Sua única manifestação ocorreu em julho, quando afirmou ter determinado a demissão de duas das servidoras. A terceira exoneração aconteceu apenas em outubro.

MPF conduz investigação paralela

Além do TCU, o Ministério Público Federal no Distrito Federal investiga as suspeitas de contratações irregulares. O procedimento corre sob sigilo e está na fase inicial. Caso o MPF identifique indícios suficientes, o caso poderá evoluir para um inquérito civil. As apurações miram não só o deputado, mas também assessores que atuaram nas nomeações apontadas como irregulares, além de possíveis prejuízos ao erário.

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