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Com Sabesp privatizada e calor extremo, Tarcísio pede que a população economize água em São Paulo

Reservatórios operam perto de 20% e consumo sobe até 60% com onda de calor; governo pede banhos rápidos e suspensão de usos não essenciais

Tarcísio de Freitas e Sabesp (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli | Divuglação/Sabesp)

247 – O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, pediu que a população economize água diante da queda nos níveis dos reservatórios e da estiagem prolongada no Estado, em meio a uma onda de calor que elevou drasticamente o consumo. Em entrevista à CNN Brasil, ele afirmou que o momento exige atenção e cooperação coletiva para evitar que a crise hídrica se agrave.

A informação foi publicada pelo jornal Estado de S. Paulo, que relatou o apelo do governador e o alerta divulgado pelo governo paulista para “redução imediata do consumo de água” no Estado.

“Todos precisam fazer a sua parte. É importante que a população utilize com consciência”, disse Tarcísio, ao reforçar a necessidade de evitar desperdícios.

Calor extremo pressiona o sistema e eleva consumo

O pedido ocorre em um cenário de temperaturas elevadas e chuvas abaixo da média, com impacto direto sobre os principais mananciais que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo. Na quinta-feira, 25, quando a capital paulista registrou 35,9 ºC, o governo estadual divulgou um alerta pedindo medidas imediatas de economia.

Segundo o governo paulista, a onda de calor que atinge o Estado desde a semana anterior provocou um aumento de até 60% no consumo de água, sobrecarregando a rede e reduzindo a capacidade de recomposição dos reservatórios.

“Redução imediata” e medidas emergenciais para evitar colapso

No comunicado oficial, o governo recomendou que os moradores tomem banhos rápidos, evitem desperdícios e suspendam usos considerados não essenciais, como lavar carros, lavar calçadas ou encher piscinas.

“O uso da água deve ser priorizado para alimentação e higiene pessoal. A colaboração da população é fundamental para garantir a regularidade do abastecimento”, diz o texto divulgado.

A orientação surge no momento em que sistemas estratégicos do abastecimento operam em patamares críticos. O Sistema Cantareira, um dos principais responsáveis pelo abastecimento da Grande São Paulo, está com apenas 20% do seu volume operacional.

O governo informou ainda que o Sistema Integrado Metropolitano (SIM), que reúne sete mananciais e abastece a Região Metropolitana, opera com 26,42% da capacidade de armazenamento. Reservatórios fundamentais como o Alto Tietê e o próprio Cantareira seguem próximos do patamar de 20%, situação considerada preocupante em um período de forte calor.

Investimentos não resolvem crise no curto prazo, admite Tarcísio

O governador afirmou que o Estado mantém obras e investimentos para reforçar a segurança hídrica, mas reconheceu que ações estruturais não são suficientes para enfrentar o problema imediatamente.

“Há obras em curso, ligação de bacias, mas isso não basta. O que pudermos economizar será importante”, afirmou.

Chuvas abaixo da média e pressão noturna reduzida

Além do consumo crescente, o volume de chuvas continua abaixo do esperado. De acordo com os dados citados, o acumulado de novembro foi de 108,1 milímetros, enquanto a média histórica do período é de 150,6 mm.

Desde agosto, o governo paulista, em parceria com a Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo), determinou a redução da pressão noturna da água na região metropolitana, com o objetivo de preservar os mananciais e reduzir perdas.

Como medida preventiva, a Sabesp tem reforçado o abastecimento em determinadas áreas com apoio de caminhões-pipa, especialmente em regiões mais sensíveis à oscilação da rede.

Reclamações e interrupções: áreas altas são mais afetadas

Nas redes sociais da Sabesp, moradores relatam falta de água e instabilidade no fornecimento. Em nota, a empresa disse que vem registrando aumento expressivo no consumo em dias muito quentes, o que provoca “oscilações pontuais” no abastecimento e exige ajustes operacionais constantes.

Segundo a companhia, as áreas mais altas da Região Metropolitana são as mais afetadas por causa da menor pressão na rede. Já as regiões mais baixas, de acordo com a Sabesp, seguem sendo abastecidas normalmente.

Em dias considerados “normais”, a empresa produz cerca de 66 mil litros de água por segundo. Nos últimos dias, porém, precisou elevar a produção para cerca de 72 mil litros por segundo, evidenciando a pressão sobre o sistema em meio ao calor extremo e aos reservatórios em nível crítico.

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