Herdeiro do bolsonarismo, Tarcísio radicaliza discurso e defende prisão perpétua
Em evento do mercado financeiro, governador cita El Salvador como exemplo e diz apoiar referendo em 2026 para discutir prisão perpétua
247 - O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a defender mudanças profundas na legislação penal brasileira durante participação no Annual Meeting da XP Asset Management. Segundo o g1, durante um evento com representantes do mercado financeiro, Tarcísio sugeriu incluir a discussão sobre prisão perpétua no referendo das eleições de 2026. De acordo com ele, o país precisa adotar medidas mais rígidas para enfrentar o crime organizado e impedir o avanço de facções em determinadas regiões.
Mudanças radicais na lei voltam ao centro do debate
Durante sua fala, o governador afirmou que defende alterações de grande impacto no arcabouço legal brasileiro. "Eu defendo algumas mudanças [na legislação] que são até radicais. Que a gente comece a enfrentar o crime com a dureza que o crime merece ser enfrentado. Não acho, por exemplo, nenhum absurdo você ter prisão perpétua no Brasil", declarou.
Tarcísio, que é apontado pré-candidato nas eleições de 2026 — ainda sem definição se buscará a reeleição em São Paulo ou concorrerá à Presidência —, disse que a discussão deve ser levada à população já no próximo pleito.
Defesa de referendo sobre prisão perpétua em 2026
O governador argumentou que o país precisa aproveitar o momento eleitoral para revisar políticas de segurança pública. Ele afirmou que mudanças estruturais são fundamentais e que o Brasil necessita de uma nova abordagem para conter a criminalidade.
Citação a Nayib Bukele e impacto econômico da insegurança
Ao justificar sua posição, Tarcísio comparou a situação brasileira às ações adotadas pelo regime do presidente de El Salvador, Nayib Bukele. "Acho que a gente tem que aproveitar para repassar aquilo que a gente tá fazendo. Mal comparando, vamos ver o que o Bukele fez em El Salvador. O que era e o que é. Se a gente traz segurança para as pessoas, a gente também está trazendo segurança para os investidores. Nós estamos falando de oportunidade", afirmou.
Em março de 2022, Bukele decretou um estado de emergência no país que resultou no encarceramento de cerca de 1,5% da população da nação latino-americana, com boa parte dos detentos não tendo acusação ou condenação formal.
Ainda de acordo com a reportagem, ele também mencionou que a violência afasta empresas. "Quantas pessoas não se instalam em um determinado local por falta de segurança? Então, a gente precisa encarar a segurança de uma forma diferente", completou.
Operações na Baixada Santista e críticas ao crime organizado
As falas ocorreram após questionamentos sobre o andamento de propostas no Congresso relacionadas ao combate ao crime organizado. Tarcísio citou as operações recentes na Baixada Santista e defendeu a necessidade de ações firmes.
"Não é razoável deixar que alguém [ou algum grupo] domine um território e passe a impor a sua própria regra e a sua própria lei no território. O Estado não pode permitir que áreas sejam dominadas por criminosos. Por isso, as operações pesadas que nós fizemos na Baixada Santista eram necessárias naquele momento para não se perder o controle da situação", disse em referência às operações Escudo e Verão, que resultaram na morte de mais de 80 pessoas.



