Moradores de SP lotam padarias para trabalhar após mais de 24h sem energia
Sem previsão de restauração, população de Pinheiros enfrenta transtornos e busca alternativas para seguir a rotina
247 - Moradores de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, enfrentam mais de 24 horas de apagão e têm recorrido a padarias, cafés e restaurantes para manter a rotina de trabalho. Sem energia desde a manhã de quarta-feira (10), após a queda de árvores provocada por fortes ventos, muitos passaram a ocupar mesas com notebooks e celulares para seguir com suas atividades, relata a Folha de São Paulo.
No segundo dia de interrupção, a situação ainda segue sem previsão de solução. A falta de luz e a instabilidade da internet móvel agravaram os transtornos, levando moradores a improvisar formas de continuar trabalhando e se comunicar.
A relações públicas Amanda Nique, 30 anos, instalou-se em uma padaria da rua Cristiano Viana e relatou as dificuldades para manter tarefas básicas em casa, já que depende de equipamentos elétricos. "A gente depende completamente de energia para fazer tudo. Tudo em casa é elétrico, chuveiro, geladeira, fogão", afirmou. Ela contou ainda que seu local de trabalho, na avenida Faria Lima, também estava sem energia.
A empresária Alda Monteiro, 46, adotou estratégia semelhante e se programou para passar o dia no estabelecimento. Além da falta de luz, ela relatou que a conexão móvel também sofre instabilidade. "A internet não funciona no celular, tem horas que a rede fica instável e em outras não funciona nada. Aqui na padaria pelo menos consigo usar as tomadas pra recarregar os aparelhos e também tem wifi", disse. Moradora do 18º andar, ela também enfrenta dificuldades para cozinhar, pois não possui fogão a gás.
As estudantes Carolina Salha, 22, e Nina Mascaro, 22, se deslocaram até o Instituto Moreira Salles (IMS) para carregar os celulares e concluir trabalhos da faculdade. "Hoje foi dia de banho gelado, economizar bateria do celular e sair de casa para conseguir trabalhar. O pior é não saber quando isso vai acabar", relatou Carolina.
O zelador Renato Cavalcante, 58, que trabalha em um prédio na rua Alves Guimarães, explicou que a falta de energia afeta até mesmo a segurança do local. Sem sistemas eletrônicos funcionando, ele precisa permanecer na entrada abrindo portões manualmente. "Não funciona nada, tem que ser tudo na mão. O pior é que aqui já é um bairro perigoso, então, a gente tem essa preocupação extra. Falta energia e a gente ainda tem medo da violência", observou.
Escola funciona mesmo sem luz e sem água
Uma escola particular da rua Cristiano Viana manteve as atividades na quarta e na quinta-feira graças ao apoio do prédio vizinho, que possui gerador a diesel. A diretora Patrícia Tondin destacou o esforço coletivo para garantir a comunicação. "Para comunicar com os pais, nós usamos os celulares. Eles são uma ferramenta importante de trabalho. Contamos com a solidariedade do prédio ao lado para conseguir carregar os aparelhos", afirmou.
Sem energia, as professoras adaptaram a rotina das crianças, priorizando atividades externas para aproveitar a iluminação natural. "A gente faz as adaptações possíveis, mas fica tudo muito difícil. Esquentar mamadeira, fazer as refeições das crianças sem luz é muito difícil", explicou Patrícia. A escola também está sem fornecimento de água e precisou comprar galões para alimentação e consumo. "Mas tem também a questão da higiene, como uma escola funciona dessa forma? O pior é a falta de previsão por parte da prefeitura e da Enel", completou.
Em frente à instituição, um ipê de mais de cinco metros caiu na manhã de quarta-feira. Moradores afirmam que uma equipe de poda da prefeitura aguardou durante toda a tarde a chegada de funcionários da Enel para desenergizar os fios e permitir a remoção da árvore. Até o momento, porém, nada foi feito. "Os funcionários esperaram a tarde toda, porque eles não podem mexer na árvore com os fios assim. É perigoso para todo mundo, mas ninguém da Enel apareceu e também não nos dão previsão de nada", relatou Priscilla Delgado, 40, que mora em frente ao local.



