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MP de Contas alertou municípios de SP sobre risco em investimentos no Banco Master

Órgão paulista havia recomendado ações preventivas meses antes da liquidação decretada pelo Banco Central

Segurança do lado de fora do Banco Master (Foto: REUTERS/ Amanda Perobelli)

247 - A decisão do Banco Central, tomada na terça-feira (18), de liquidar o Banco Master encerrou de forma abrupta a trajetória da instituição, cuja situação financeira já se mostrava frágil havia meses. Segundo o jornal O Globo, o colapso do Master ocorre após sucessivas dificuldades para cumprir compromissos com investidores e correntistas, um problema que havia sido identificado ainda no primeiro semestre. O Ministério Público de Contas de São Paulo (MPC/SP) já havia encaminhado ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP), em abril, uma série de representações alertando para o risco de investimentos feitos por Regimes Próprios de Previdência Social (RPPs) de cinco municípios em títulos emitidos pelo banco.

O órgão apontava que Cajamar, Araras, Santo Antônio da Posse, São Roque e Santa Rita d’Oeste haviam aportado recursos significativos em papéis da instituição, apesar de reportagens da época já indicarem deterioração progressiva das finanças do Master. As representações pediam que o TCE-SP atuasse preventivamente, monitorando a exposição dos fundos e cobrando justificativas dos gestores responsáveis.

A preocupação tinha fundamento: investigações posteriores indicaram que o banco carregava um rombo estimado em R$ 12 bilhões, provocado por ativos de baixa liquidez e pela incapacidade crescente de honrar pagamentos. O Master expandiu sua atuação com uma estratégia agressiva de captação, ofertando CDBs com juros elevados para atrair investidores, o que agravou o desequilíbrio financeiro à medida que os compromissos aumentavam.

Os processos que apuram a conduta dos municípios continuam tramitando no TCE-SP. Segundo os documentos anexados, os investimentos foram identificados da seguinte forma:

  • Araras: R$ 29 milhões aplicados em Letras Financeiras, equivalentes a 6,8% da carteira do RPP
  • Cajamar: R$ 87 milhões investidos entre 2023 e 2024, representando 15,36% do total da carteira
  • Santo Antônio de Posse: R$ 7 milhões aplicados, o que corresponde a 6,73% da carteira
  • São Roque: R$ 93,15 milhões integralmente colocados em Letras Financeiras, a maior exposição entre os citados, equivalente a 18,8% da carteira
  • Santa Rita d’Oeste: R$ 2 milhões aplicados, cerca de 8,4% da carteira do regime previdenciário municipal

Entre os municípios mencionados, apenas o Instituto de Previdência dos Servidores de São Roque (São Roque Prev) se manifestou. Em nota, a autarquia afirmou que acompanha a liquidação extrajudicial do Master e que seguiu todos os trâmites exigidos ao adquirir os títulos.

“A autarquia esclarece que adquiriu letras financeiras do banco em 2024 seguindo os ritos legais e técnicos, com pareceres de assessoria de investimentos contratada, aprovação do Comitê de Investimentos, ciência e homologação dos Conselhos Fiscal e Deliberativo (que são formados, obrigatoriamente, por servidores efetivos)”, informou o órgão.

O instituto acrescentou ainda que, à época da aplicação, o banco estava devidamente regularizado perante o Banco Central, a CVM e a Secretaria de Regimes Próprios, e possuía “avaliações satisfatórias” de agências internacionais de classificação de risco. Segundo a autarquia, os papéis adquiridos têm vencimento apenas em 2034, o que inviabilizou qualquer possibilidade de resgate antecipado.

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