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BRB abre auditoria independente após avanço de investigação da PF

Transação de carteiras ligadas ao Banco Master leva instituição a revisar procedimentos internos

BRB abre auditoria independente após avanço de investigação da PF (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)

247 - O Banco de Brasília anunciou uma ampla auditoria independente para revisar operações relacionadas ao Banco Master, alvo da Operação Compliance Zero deflagrada nesta terça-feira (18) pela Polícia Federal. A decisão foi tomada pelo conselho de administração do BRB na noite de terça e comunicada ao mercado em documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários.

Segundo o jornal O Globo, a medida busca esclarecer negociações mencionadas pela investigação da PF. A apuração federal aponta suspeitas de crimes financeiros no Master, cuja liquidação extrajudicial foi decretada pelo Banco Central. De acordo com os investigadores, o banco teria criado carteiras de crédito fictícias — empréstimos inexistentes ou sem garantias — e as repassado a outras instituições, entre elas o BRB.

Esses ativos, usados na comercialização entre bancos, exigem verificação e auditoria prévia. A suspeita é de que o Master teria inflado artificialmente seus resultados ao vender carteiras sem lastro. Diante do avanço das investigações, o conselho do BRB aprovou a contratação da auditoria externa para examinar três pontos centrais: a compra dessas carteiras, os procedimentos internos que autorizaram as operações e possíveis falhas de governança ou controles internos.

Em comunicado ao mercado, a instituição reforçou que “o BRB reafirma seu compromisso com as melhores práticas de governança, transparência e prestação de informações ao mercado, e que o Conselho de Administração seguirá acompanhando de forma contínua os desdobramentos dos fatos, mantendo seus acionistas e o mercado devidamente informados”.

As operações sob escrutínio começaram em 2024, quando o BRB passou a adquirir parte das carteiras estruturadas pelo Master. A ofensiva da PF busca esclarecer se o banco público foi enganado nas transações ou se houve falhas na análise dos ativos comprados. Em setembro, o Banco Central havia barrado a tentativa do BRB de adquirir o controle do Master, ao considerar que a instituição pública não tinha condições de absorver o capital necessário. Mesmo assim, negócios anteriores envolvendo carteiras continuaram sob avaliação dos órgãos de fiscalização.

A operação desta semana também resultou no afastamento por 60 dias do presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, decisão acompanhada de mandado de busca em seu gabinete. A Justiça Federal entendeu que sua permanência no cargo poderia interferir nas investigações, já que ele participou das deliberações internas sobre as aquisições de ativos do Master. A ação ainda prendeu o proprietário do banco privado, Daniel Vorcaro, além de outros envolvidos na investigação.

A auditoria externa deverá orientar os próximos passos da instituição brasiliense diante das suspeitas e dos desdobramentos do caso.

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