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"O paulistano não quer a Enel", afirma Ricardo Nunes

Prefeito de São Paulo cobra rompimento do contrato com a concessionária

"O paulistano não quer a Enel", afirma Ricardo Nunes (Foto: ABR | Reuters)

247 – Em artigo de opinião publicado no jornal Folha de S.Paulo, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, faz um duro ataque à concessionária Enel e cobrou do governo federal o rompimento do contrato de concessão de energia elétrica na capital paulista. Segundo ele, a população “não merece sofrer as consequências do mau serviço de uma empresa que há anos só promete e nunca cumpre”.

Nunes afirma que os apagões recentes na cidade repetem um “caos ocorrido em anos anteriores” e questiona até quando será necessário pressionar a União para que cumpra seu papel constitucional. “Quantas vezes serão necessárias cobrar do governo federal para que faça sua parte e execute o rompimento do contrato com a multinacional italiana que, infelizmente, impede a Prefeitura de São Paulo de agir”, escreve.

No texto, o prefeito lembra que a legislação sobre energia elétrica é de competência exclusiva da União e que a Enel é fiscalizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Ele critica duramente uma declaração atribuída ao ministro da pasta, segundo a qual o governador e o prefeito poderiam “chorar à vontade”, pois o contrato com a Enel seria mantido.

“Um infeliz comentário de quem deveria zelar pelo bem da população e, por interesses desconhecidos em forçar uma renovação antecipada, zomba de milhões de pessoas que sentem na pele a ineficácia de um serviço essencial como o de fornecimento de energia”, afirma Nunes.

Reprovação popular

O prefeito cita pesquisa do Datafolha realizada em 2024, segundo a qual sete em cada dez paulistanos apoiavam o cancelamento do contrato da Enel, e sustenta que hoje esse índice seria ainda maior. Ele ressalta que não se trata de disputa política. “Deixo claro que não sou de politicagem, sou político eleito pela maioria com o compromisso de trabalhar pelo melhor servir de quem mora nessa cidade”, escreve.

Nunes também questiona declarações da empresa sobre o número de equipes em atuação durante os apagões. “Quando o responsável de uma empresa vai a público dizer que tem 1.600 equipes nas ruas trabalhando para restabelecer a luz nas residências e comércios, mas o que se revela são dias de apagão com prejuízos financeiros, físicos e emocionais às pessoas, não me calo e muito menos aceito inércia”, afirma.

Veículos no pátio

Segundo o prefeito, a Prefeitura conseguiu verificar, por meio do sistema de monitoramento da Central Smart Sampa, que, no auge da crise, veículos da Enel permaneciam parados em pátios da empresa. “Uma imagem vale mais do que mil palavras, e contra fatos não há argumentos”, escreve.

Ele relata ainda que centenas de equipes municipais ficaram impedidas de atuar por falta de profissionais da concessionária para realizar o desligamento da rede elétrica. Além disso, acusa a Enel de descumprir o Termo de Convênio do Plano Anual de Poda firmado com a Prefeitura.

De acordo com Nunes, a empresa se comprometeu a realizar 282.271 podas de árvores próximas à rede elétrica em 2025, mas, até o dia 15 de dezembro, havia executado apenas 31.945 intervenções, menos de 11% do previsto.

Fora Enel!

No encerramento do artigo, o prefeito faz um apelo direto ao governo federal para que retire a Enel da capital paulista e de outros 23 municípios da região metropolitana. Ele lembra que apenas a União, como poder concedente, tem autoridade constitucional para intervir em contratos diante de descumprimentos reiterados.

“Diante de tamanha obviedade e incapacidade, faço coro: Fora, Enel!”, conclui.

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