Operação mira quadrilha que extorquia empresas no entorno da Reduc
Ação policial desarticula grupo que impunha cobranças ilegais e intimidava trabalhadores na Baixada Fluminense
247 - A Polícia Civil do Rio de Janeiro realizou nesta quinta-feira uma ofensiva contra uma rede criminosa que atuava há meses extorquindo empresas instaladas ao redor da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), na Baixada Fluminense. A operação foi batizada de Refinaria Livre e tem como foco um esquema que associava tráfico de drogas, coerção empresarial e envolvimento de entidades de fachada.
Segundo o jornal O Globo, as equipes mobilizadas incluem agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Capital (DRE-CAP), da Baixada Fluminense (DRE-BF) e da 60ª DP (Campos Elíseos). Três suspeitos foram presos até o momento, e mandados de prisão temporária, busca e apreensão seguem sendo cumpridos em diferentes endereços da região.
De acordo com a investigação conduzida pela DRE-CAP, o grupo era liderado por Joab da Conceição Silva, conhecido como Joab, integrante do Comando Vermelho, e por um pastor que se apresentava como representante comunitário, mas operava como intermediário das ordens ilícitas. Conforme as apurações, empresas instaladas no polo industrial eram coagidas a pagar mensalidades para evitar ataques, incêndios de caminhões, agressões a funcionários e interrupções forçadas das atividades.
O inquérito aponta que o pastor ligado à facção visitava as empresas pessoalmente. Ele se apresentava como figura religiosa e comunitária, mas repetia determinações impostas diretamente por Joab. Entre as exigências estavam proibições de circulação de caminhões nos pátios e a obrigação de contratar moradores indicados pelo tráfico. Cabia a ele também “negociar” acordos sob ameaça, sempre com a promessa de evitar represálias caso as condições fossem aceitas.
Relatos de trabalhadores, documentos formais e atas do Ministério do Trabalho mostram que algumas companhias chegaram a paralisar suas operações por dias, temendo novos episódios de violência. As investigações indicam ainda o uso de sindicatos e associações de fachada como instrumento de pressão, fortalecendo o poder de intimidação da quadrilha.
A ofensiva policial revelou que o grupo criminoso tinha se infiltrado em setores estratégicos das empresas, especialmente na área de Recursos Humanos. Integrantes da quadrilha pressionavam para que funcionários sem qualificação fossem contratados, exigiam benefícios ilegais e determinavam a entrada de parentes e aliados do tráfico para ampliar o controle sobre o polo industrial. Um dos casos citados é o da companheira de Joab, empregada por uma empresa “sem critérios técnicos e por imposição territorial”, semanas antes do ataque armado contra a 60ª DP de Campos Elíseos, ocorrido em fevereiro de 2025, ação que teria sido ordenada pelo próprio chefe da quadrilha.
O pastor investigado já estava sob monitoramento das forças de segurança e foi preso no início de novembro durante a Operação Aves de Rapina, em Betim (MG), direcionada a grupos que armazenavam armas ilegalmente. No carro em que estava, os agentes encontraram uma pistola, seis granadas artesanais, munição e dinheiro em espécie. Ele admitiu ter levado o material explosivo de Duque de Caxias até Minas Gerais para ações de intimidação na Refinaria Gabriel Passos (Regap), sob justificativa de um suposto “movimento grevista” organizado por sindicatos alinhados ao esquema criminoso. No veículo também estava o presidente de uma associação de empresas de transporte de combustível, o que, segundo as autoridades, reforça o envolvimento de entidades formais no esquema.



