PF prende Rodrigo Bacellar, presidente da Alerj
Ação mira suspeita de obstrução e reforça apurações sobre esquema ligado ao Comando Vermelho
247 - A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira (3) Rodrigo Bacellar, presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), durante a Operação Unha e Carne. A ação teve como alvo um suposto vazamento de dados sigilosos que teria prejudicado investigações anteriores sobre a atuação de uma rede criminosa no estado..
Segundo o G1, a PF sustenta que “a atuação de agentes públicos envolvidos no vazamento de informações sigilosas culminou com a obstrução da investigação realizada no âmbito da Operação Zargun”. A ofensiva incluiu o cumprimento de um mandado de prisão preventiva, oito mandados de busca e apreensão e um mandado de intimação com medidas cautelares, todos expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
As autoridades também relembraram a prisão de Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, detido em 3 de setembro por tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro. Ele é acusado de negociar armamentos e acessórios para o Comando Vermelho (CV). Na ocasião, foi alvo de duas operações simultâneas, com mandados do Tribunal Regional Federal e do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
De acordo com a PF, as investigações já haviam identificado “um esquema de corrupção envolvendo a liderança da facção no Complexo do Alemão e agentes políticos e públicos”. Para o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), TH utilizou seu mandato para favorecer o grupo criminoso, chegando a nomear aliados para cargos na Alerj.
A Operação Zargun — cujo suposto vazamento motivou a nova ação — previa o cumprimento de 18 mandados de prisão preventiva, 22 mandados de busca e apreensão e o sequestro de R$ 40 milhões em bens, todos autorizados pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). A investigação foi conduzida pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da PF e pelo Ministério Público Federal.
As autoridades descrevem uma atuação sofisticada da organização criminosa. “A organização infiltrava-se na administração pública para garantir impunidade e acesso a informações sigilosas, além de importar armas do Paraguai e equipamentos antidrone da China, revendidos até para facções rivais”, informou a PF. Os investigados podem responder por organização criminosa, tráfico internacional de armas e drogas, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
Outra frente de apuração, a Operação Bandeirante, levou o MPRJ a denunciar TH e outras quatro pessoas por associação para o tráfico e comércio ilegal de armas de uso restrito. A acusação aponta vínculos estáveis com o Comando Vermelho e atuação nos complexos da Maré, do Alemão e também em Parada de Lucas. O grupo teria intermediado negociações de drogas, armas e equipamentos antidrones, além de movimentar grandes quantias em espécie para financiar atividades da facção.
A denúncia apresentada pelo procurador-geral de Justiça do estado, Antonio José Campos Moreira, resultou na expedição de quatro mandados de prisão e cinco de busca e apreensão pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). As diligências ocorreram na Barra da Tijuca, Freguesia e Copacabana.
A operação desta quarta-feira integra a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Rio (Ficco/RJ), formada pela Polícia Federal, Ministério Público Federal, Polícia Civil do Rio e MPRJ, e aprofunda o cerco a conexões entre agentes públicos e organizações criminosas no estado.



