Denúncias de Tony Garcia ao 247 levam PF a encontrar provas contra Sergio Moro na Lava Jato
Material apreendido na 13ª Vara de Curitiba reforça acusações de escutas ilegais ordenadas pelo ex-juiz e hoje senador do União Brasil
247 - A Polícia Federal apreendeu documentos, relatórios de inteligência e gravações na 13ª Vara Federal de Curitiba que reforçam as acusações de que o então juiz Sergio Moro autorizou e determinou a realização de escutas ilegais contra autoridades com foro privilegiado, sem autorização de tribunais superiores. O material estava guardado em gavetas da própria vara responsável pelos processos da Lava Jato e inclui transcrições de áudios envolvendo desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) e o então presidente do Tribunal de Contas do Paraná (TCE-PR), Heinz Herwig.
As revelações confirmam denúncias feitas pelo ex-deputado estadual e empresário Tony Garcia à TV 247, tornadas públicas em entrevista concedida ao jornalista Joaquim de Carvalho. Na ocasião, Garcia relatou ter sido orientado por Moro, ainda em 2004, a realizar gravações telefônicas e ambientais contra autoridades que não estavam sob a jurisdição da primeira instância, durante investigações relacionadas ao caso Banestado.
As diligências da Polícia Federal foram realizadas no último dia 3, por determinação do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). A autorização permitiu o exame in loco do acervo da 13ª Vara Federal de Curitiba, que esteve no centro de diversas controvérsias envolvendo a atuação do ex-juiz parcial Sergio Moro, hoje senador da República pelo União Brasil do Paraná.
Na decisão, Toffoli foi explícito ao autorizar a apreensão e análise do material. “Defiro sejam empreendidas pela autoridade policial as diligências propugnadas, visando autorizar o exame in loco dos processos ali relacionados, documentos, mídias, objetos e afins relacionados às investigações”, registrou o ministro do STF. A medida teve como base direta as denúncias formalizadas por Tony Garcia contra Moro.
Segundo o empresário, ele teria sido coagido pelo então magistrado a atuar como agente infiltrado, realizando gravações clandestinas contra alvos políticos e autoridades com prerrogativa de foro. Em seu relato, Garcia afirma que Moro conduziu “diligências investigativas clandestinas” que incluiriam até mesmo o então governador do Paraná e ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A defesa de Sergio Moro tentou retirar o caso da esfera do Supremo, alegando que os fatos investigados são anteriores ao início de seu mandato no Senado. O pedido, no entanto, foi rejeitado, mantendo a apuração sob responsabilidade da Suprema Corte. Com isso, o STF seguirá à frente das investigações sobre a conduta do ex-juiz.
Tony Garcia sustenta que a documentação preservada na 13ª Vara Federal de Curitiba é capaz de comprovar os abusos que denuncia há mais de duas décadas. Já Moro nega qualquer ilegalidade. Em nota, sua defesa classificou o inquérito como baseado em um “relato fantasioso de Tony Garcia” e afirmou que o senador não teme o acesso do STF aos autos.



