Nathalia Urban por Milenna Saraiva

Esta seção é dedicada à memória da jornalista Nathalia Urban, internacionalista e pioneira do Sul Global

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Fortalecimento das relações com a América Latina ganha centralidade na política externa da Rússia, afirma Lavrov

Chanceler destaca papel do Brasil no BRICS, parcerias estratégicas na região e negociações com Washington sobre a paz na Ucrânia

Rio de Janeiro (RJ), 07/07/2025 - O Primeiro ministro, Sergei Lavrov (Rússia), durante abertura da plenária Meio ambiente, COP 30 e saúde global, no BRICS, no Museu da Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)

247 – O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que a ampliação das relações com países da América Latina e do Caribe se consolidou como uma prioridade da política externa russa. A declaração foi feita nesta quarta-feira (10) durante sessão do Conselho da Federação, em Moscou. As informações foram publicadas pela Sputnik Brasil.

Logo no início de sua intervenção, Lavrov ressaltou o papel do Brasil como parceiro estratégico de Moscou na região e no mundo, lembrando que o país preside atualmente o BRICS. Para o chanceler russo, essa liderança brasileira fortalece a cooperação política e econômica entre os países emergentes em um momento de redefinição das alianças globais.

Parcerias estratégicas com Venezuela e Nicarágua

Lavrov também destacou avanços recentes em acordos bilaterais com outros países latino-americanos. “Em novembro, entrou em vigor o Acordo de Parceria Estratégica e Cooperação com a Venezuela. A confirmação da parceria estratégica com a Nicarágua ocorreu após a liderança sandinista ter reconhecido as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, bem como as regiões de Zaporozhie e Kherson, como partes inalienáveis da Rússia”, afirmou.

Segundo o ministro, esse conjunto de iniciativas amplia a presença russa na região e reforça o alinhamento político com governos que compartilham posições semelhantes em temas internacionais sensíveis.

Negociações sobre a paz na Ucrânia

A Sputnik Brasil informa ainda que Lavrov comentou o andamento das negociações sobre a paz na Ucrânia, revelando que Moscou e Washington concordaram em manter o diálogo para uma possível resolução do conflito.

O ministro destacou que Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, adotou uma postura distinta em relação à guerra. “O presidente [Donald Trump] foi o único entre todos os líderes ocidentais que, logo após a sua chegada à Casa Branca em janeiro, começou a demonstrar compreensão pelas razões que tornaram a guerra na Ucrânia inevitável”, afirmou Lavrov.

Além disso, ele mencionou que recentes propostas apresentadas pelo enviado especial norte-americano, Steve Witkoff, tratam da necessidade de assegurar os direitos das minorias étnicas e a liberdade religiosa na Ucrânia — pontos considerados fundamentais por Moscou.

Contexto global e relevância estratégica

As declarações de Lavrov ocorrem em um período de intensificação das tensões internacionais e de reorganização das alianças geopolíticas. Ao reforçar a importância da América Latina, especialmente do Brasil, a política externa russa sinaliza uma aposta em parcerias que transcendem a esfera econômica e atingem dimensões estratégicas e diplomáticas de longo prazo.

A aproximação com países da região se insere no esforço russo de diversificar aliados, reduzir vulnerabilidades diante do Ocidente e ampliar sua influência em áreas tradicionalmente afastadas dos conflitos euro-asiáticos, mas cada vez mais relevantes nos debates multilaterais.

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