Nathalia Urban por Milenna Saraiva

Esta seção é dedicada à memória da jornalista Nathalia Urban, internacionalista e pioneira do Sul Global

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Tecnologia encontra sustentabilidade no Sul Global: jovens lideram salto verde inovador

Reportagem da CGTN, mostra como jovens de Singapura ao Brasil estão redesenhando o desenvolvimento sustentável com soluções criativas

Paineis solares na China (Foto: VCG)

247 – Os desafios ambientais avançam sem pedir passagem, mas as respostas mais ousadas à crise climática estão surgindo longe dos centros tradicionais de poder. Como revela a reportagem original de Chen Ziqi, da CGTN, uma nova geração do Sul Global transforma sustentabilidade em ação concreta — do código de computador de baixo carbono em Singapura às políticas de mobilidade elétrica no Brasil. Jovens inovadores provam que desenvolvimento verde não é discurso: é prática em rápida expansão.

A reportagem de Chen Ziqi destaca um movimento crescente: jovens da Ásia, da África e da América Latina estão reimaginando o desenvolvimento sustentável. A lógica deixa de ser apenas “evitar danos” e passa a propor a construção de modelos positivos, criativos e colaborativos de futuro.

As conversas reunidas pela repórter revelam um traço comum: urgência, inventividade e disposição para entregar resultados concretos.

Singapura: tecnologia em busca de eficiência energética

Em Singapura, uma das sociedades mais digitalizadas do planeta, sustentabilidade e tecnologia se cruzam diariamente — ainda que em tensão.

O fundador da Greenie Web, Ian Chew, contou à repórter que sua jornada começou com uma pergunta desconfortável:

“Será que digitalizar sempre significa tornar tudo mais verde?”

A resposta é direta: não.

Sistemas digitais consomem energia em larga escala, e os data centers — infraestrutura essencial da economia digital — são particularmente exigentes, tanto em eletricidade quanto em refrigeração.

A situação se agravou de tal forma que o governo de Singapura chegou a interromper temporariamente a construção de novos data centers para controlar o gasto energético.

A solução de Ian age no núcleo do problema: o código. Ele desenvolve programação de baixo carbono, que reduz o consumo de energia no processamento de dados sem sacrificar desempenho.

Segundo ele, o green coding “minimiza o uso de energia ao otimizar a forma como o código é escrito e executado”. É como, descreve a repórter, “ensinar computadores a correr maratonas sem perder o fôlego”.

Brasil: políticas públicas, florestas e mobilidade elétrica

No Brasil, Chen Ziqi entrevistou Douglas Ferreira, coordenador de relações internacionais da Juventude do Partido dos Trabalhadores.

Com uma perspectiva que combina política pública, meio ambiente e indústria, Douglas descreve como o país utiliza seus vastos recursos naturais e sua experiência histórica em biocombustíveis para avançar rumo a um modelo econômico sustentável.

Ele afirma que o futuro dos data centers no Brasil pode incluir uma “integração harmoniosa com o ambiente”, aproveitando as florestas para ajudar a regular a temperatura dos sistemas.

Além disso, o país acelera a agenda de mobilidade elétrica. O Brasil, pioneiro mundial em biocombustíveis desde a década de 1970, agora aposta em incentivos fiscais, políticas de estímulo e expansão rápida da infraestrutura de recarga para ampliar a adoção de veículos elétricos.

Se antes o etanol simbolizava a vanguarda energética brasileira, agora o país “vai a toda velocidade” rumo ao transporte elétrico.

Cooperação internacional: a transição verde como trabalho coletivo

A reportagem reforça que nenhum país consegue avançar sozinho na transição sustentável.
E é aqui que a cooperação internacional ganha centralidade.

Segundo Chen Ziqi, a China tem desempenhado papel decisivo em várias regiões do Sul Global:

No Brasil

Empresas chinesas fortalecem o setor de veículos elétricos, abrindo fábricas, gerando empregos e impulsionando a indústria nacional.

Na África

A China investe em grandes projetos de energia renovável. Usinas solares no Quênia, na Etiópia e na Zâmbia ampliam o acesso à energia limpa e permitem que países africanos “saltem etapas”, migrando direto para matrizes renováveis. Projetos de energia eólica e hidrelétrica também avançam com financiamento e tecnologia chinesa.

Em Singapura

Parcerias tecnológicas incluem cooperação em codificação verde e sistemas eficientes em energia, beneficiando startups como a Greenie Web.

Para a repórter, esse movimento representa “cooperação prática”: investimentos, troca de tecnologia e inovação compartilhada — não apenas declarações em conferências.

Uma juventude que transforma urgência em ação

Em todas as entrevistas reunidas por Chen Ziqi, surge a mesma mensagem: jovens do Sul Global não esperam instruções ou permissão. Eles desenvolvem ideias, constroem soluções e tratam sustentabilidade como oportunidade de transformação.

Do código eficiente aos novos modelos de mobilidade e às parcerias tecnológicas internacionais, essa geração já molda o futuro — um futuro mais verde, mais criativo e, como resume a repórter, “surpreendentemente divertido”.

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