Argentina investiga Milei por fraude com criptomoeda e prejuízo global a investidores
Comissão da Câmara aponta uso da imagem presidencial para impulsionar a moeda $LIBRA, com perdas para quase 80% dos investidores
247 – Uma comissão da Câmara dos Deputados da Argentina concluiu que o presidente Javier Milei utilizou sua posição institucional para promover a criptomoeda Libra ($LIBRA), resultando em prejuízos de milhões de dólares a investidores ao redor do mundo. As informações foram publicadas pelo portal RT Brasil e pelo site argentino Ámbito, citados no início do relatório divulgado pelos parlamentares.
Segundo a investigação, o mandatário argentino e seus associados facilitaram um esquema que teria utilizado a imagem presidencial para impulsionar artificialmente a demanda pela criptomoeda. No relatório entregue aos tribunais, os deputados afirmam que quase 80% dos investidores sofreram perdas financeiras, enquanto um grupo reduzido obteve lucros milionários.
Relatório aponta uso da imagem presidencial e violação de princípios éticos
O presidente da comissão investigadora, Maximiliano Ferraro, explicou que uma análise técnica das blockchains permitiu identificar “transferências financeiras que coincidem com datas e valores indicados nas investigações”, indicando movimentações suspeitas antes e depois de anúncios públicos do governo.
De acordo com o documento, Milei teria violado a Lei de Ética Pública ao promover a criptomoeda sem mecanismos de controle e com aparente coordenação de atores privilegiados do mercado. O relatório afirma que a promoção presidencial da $LIBRA “não foi um caso isolado” e que houve “decisão deliberada” para contornar instâncias institucionais.
Os parlamentares também citam a declaração do ex-chefe de gabinete Guillermo Francos, que reconheceu que o governo não avaliou previamente o conteúdo da mensagem publicada por Milei nas redes sociais — mensagem que desencadeou uma corrida de compradores e a subsequente valorização temporária do ativo.
Lucros concentrados e perdas generalizadas
A investigação aponta que um pequeno número de investidores teria comprado a criptomoeda antes do anúncio oficial e vendido quando o volume de compras aumentou após a publicação presidencial. Conforme o relatório:
- 79,93% dos investidores perderam dinheiro.
- 36 pessoas lucraram mais de 1 milhão de dólares (cerca de R$ 5,3 milhões).
- Outros 210 investidores ganharam mais de 100 mil dólares (aproximadamente R$ 534 mil).
A comissão identificou ainda supostos pagamentos e transferências ligados ao operador financeiro Mauricio Novelli, apontado como articulador do acordo entre Milei e o desenvolvedor da criptomoeda, o americano Hayden Davis.
Parlamentares pedem que Congresso investigue o presidente
Diante das conclusões, os membros da comissão exigem explicações públicas do presidente argentino e pedem que o Congresso abra uma investigação formal sobre o caso. Para os parlamentares, o episódio causou “danos à reputação da Argentina” e expôs fragilidades nos controles institucionais sobre a conduta do chefe de Estado.
A crise política se aprofunda enquanto o relatório avança nos tribunais, ampliando a pressão sobre o governo de Javier Milei em meio ao impacto internacional do caso.



