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Milei cometeu suposta fraude com criptomoeda, decide comissão de investigação na Argentina

A comissão recebeu dezenas de denúncias relacionadas ao episódio, algumas delas apresentadas também nos Estados Unidos

O presidente da Argentina, Javier Milei, em Madri, Espanha - 21/06/2024 (Foto: REUTERS/Violeta Santos Moura)

247 - Uma comissão de investigação da Câmara dos Deputados da Argentina concluiu que o presidente Javier Milei teria praticado atos “compatíveis com uma suposta fraude” ao divulgar a criptomoeda $LIBRA nas redes sociais. A informação foi publicada inicialmente pela Folha de S.Paulo, que teve acesso ao relatório enviado ao Congresso argentino.

O documento, produzido por um colegiado dominado pela oposição ao governo, atribui a Milei e à irmã dele, Karina Milei — secretária-geral da Presidência — a “responsabilidade política” pelos prejuízos causados a investidores argentinos e estrangeiros. A comissão finalizou a primeira etapa dos trabalhos e remeteu suas conclusões ao Parlamento, que deverá analisar se o presidente incorreu em “má conduta no exercício de suas funções”.

A grave acusação teve início em fevereiro, quando Milei publicou em sua conta na rede X (antigo Twitter) uma mensagem citando a criptomoeda $LIBRA, desconhecida até então. A simples menção fez o ativo disparar e, em seguida, despencar, gerando perdas milionárias. Após a repercussão negativa, o presidente se defendeu dizendo que não promoveu o projeto. “Sou um otimista tecnológico fanático e quero que a Argentina se torne um polo de tecnologia”, afirmou. Em outra declaração, acrescentou: “Por querer ajudar um argentino, levei uma bofetada”.

A comissão recebeu dezenas de denúncias relacionadas ao episódio, algumas delas apresentadas também nos Estados Unidos. O conjunto das queixas foi centralizado em uma juíza e em um promotor, responsáveis por conduzir a investigação criminal paralela. O relatório parlamentar, segundo o colegiado, já foi encaminhado à Justiça.Os parlamentares informaram ainda que não conseguiram ouvir Milei nem sua irmã, que não compareceram às convocações formais. A ausência dos dois limitou parte da apuração, mas não impediu a conclusão do relatório, que agora depende de deliberação legislativa para eventuais desdobramentos.

A continuidade do caso no Congresso, no entanto, é incerta. A partir de 10 de dezembro, a nova composição legislativa — mais favorável ao governo após as eleições de outubro — tende a reduzir o ímpeto de uma investigação política aprofundada.Enquanto o futuro do processo permanece indefinido, o episódio adiciona mais um capítulo à disputa entre o Executivo e a oposição na Argentina, em meio ao primeiro ano de mandato de Javier Milei e ao cenário econômico e institucional já marcado por tensões.

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