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Caracas anuncia investigação sobre assassinatos de venezuelanos no Mar do Caribe atribuídos aos EUA

Governo venezuelano reage a revelações de ordem de “matar todos”, atribuída ao secretário de Guerra dos EUA, Pete Hegseth

Donald Trump e Pete Hegseth na Casa Branca - 05/09/2025 (Foto: REUTERS/Brian Snyder)

247 – O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, anunciou neste domingo (30) a criação de uma comissão parlamentar encarregada de investigar a morte de cidadãos venezuelanos no Mar do Caribe, em episódios atribuídos às forças armadas dos Estados Unidos. As declarações foram divulgadas após reunião com as famílias das vítimas, conforme noticiou o portal RT Brasil.

Segundo Rodríguez, a Assembleia realizará uma sessão extraordinária para formalizar o início da apuração. “Informamos que, amanhã, segunda-feira, convocaremos uma sessão extraordinária da Assembleia Nacional para propor a formação de uma comissão especial de deputados para investigar os graves acontecimentos que levaram ao assassinato de venezuelanos nas águas do Mar do Caribe”, afirmou.

Ordem verbal de “matar todos” expõe gravidade dos ataques

Em 28 de novembro, o jornal The Washington Post revelou, com base em fontes ligadas à operação, que o secretário de Guerra dos EUA, Pete Hegseth, teria dado uma ordem verbal para “matar todos” durante o primeiro ataque contra o que Washington classificou como um “narco-barco”, no dia 2 de setembro, no Mar do Caribe.

De acordo com o jornal, os comandantes norte-americanos acompanharam a embarcação incendiada por meio de uma transmissão ao vivo realizada por um drone. Após o fogo baixar, dois sobreviventes foram vistos agarrados aos destroços. As fontes relataram que o comandante das operações especiais responsáveis pela ofensiva ordenou um segundo ataque, cumprindo a orientação de Hegseth. O disparo final despedaçou os dois homens na água.

Escalada militar dos EUA e acusações sem provas

Os ataques ocorreram após o envio de navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela em agosto, sob a justificativa de combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados bombardeios contra embarcações supostamente ligadas ao tráfico, tanto no Mar do Caribe quanto no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.

Washington acusa o presidente Nicolás Maduro, sem apresentar provas, de comandar um suposto cartel de drogas. Acusações semelhantes foram dirigidas ao presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou publicamente os ataques norte-americanos e as mortes causadas por eles.

Em outubro, o presidente dos EUA, Donald Trump, admitiu ter autorizado a CIA a conduzir operações secretas em território venezuelano. Maduro reagiu imediatamente: “Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? Alguém acredita que a CIA não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?”, questionou.

O governo venezuelano classificou a postura de Washington como agressão, denunciando a falta de transparência e a motivação real por trás da escalada militar.

Condenação internacional e denúncias de execuções extrajudiciais

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou o uso de bombardeios contra pequenas embarcações, destacando que mais de 60 pessoas morreram nessas ações. Especialistas independentes da ONU classificaram os ataques como execuções extrajudiciais.

Governos de países como Colômbia, México e Brasil também criticaram a operação norte-americana, apontando violações claras ao direito internacional. Juristas e especialistas reforçaram que a prática — descrita como “execuções sumárias” — fere princípios básicos da legislação humanitária.

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