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EUA confiscam mais um navio-tanque perto da Venezuela após Trump anunciar bloqueio a petroleiros

Ação em águas internacionais aprofunda sanções, derruba exportações venezuelanas e pode pressionar preços do petróleo

Donald Trump e Nicolás Maduro (Foto: Manaure Quintero/Reuters I Piroschka Van De Wouw/Reuters)

247 – Os Estados Unidos estão interditando e apreendendo uma embarcação na costa da Venezuela, em águas internacionais, segundo três autoridades norte-americanas ouvidas pela Reuters neste sábado. A operação ocorre poucos dias depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar um “bloqueio” a todos os petroleiros sancionados que entram e saem do país sul-americano.

A informação foi publicada pela agência Reuters, em reportagem assinada por Idrees Ali e Phil Stewart. De acordo com as autoridades, que falaram sob condição de anonimato, a Guarda Costeira dos Estados Unidos lidera a operação, embora o local exato da apreensão não tenha sido divulgado.

A ação marca a segunda apreensão de um navio-tanque nas proximidades da Venezuela em poucas semanas e acontece em meio a um expressivo aumento da presença militar norte-americana na região. Questionadas, a Guarda Costeira e o Pentágono encaminharam os pedidos de comentário à Casa Branca, que não respondeu até o momento. O Ministério do Petróleo da Venezuela e a estatal PDVSA também não se manifestaram.

Na terça-feira anterior à operação, Trump havia feito um anúncio contundente sobre a política de sanções contra o setor petrolífero venezuelano. “Estou ordenando um BLOQUEIO TOTAL E COMPLETO DE TODOS OS PETROLEIROS SANCIONADOS que entram e saem da Venezuela”, afirmou o presidente.

Desde a primeira apreensão realizada pelas forças norte-americanas na semana passada, analistas apontam a existência de um embargo de fato. Navios carregados com milhões de barris de petróleo permaneceram em águas venezuelanas, evitando o risco de serem interceptados. Como consequência direta, as exportações de petróleo bruto do país caíram de forma acentuada.

Embora muitas das embarcações que coletam petróleo na Venezuela estejam sob sanções, outras que transportam petróleo venezuelano, assim como petróleo bruto do Irã e da Rússia, não foram formalmente sancionadas. Algumas empresas, entre elas a norte-americana Chevron, seguem transportando petróleo venezuelano em navios próprios autorizados.

A China continua sendo a maior compradora do petróleo bruto da Venezuela, responsável por cerca de 4% das importações chinesas. Em dezembro, os embarques se aproximaram de uma média superior a 600 mil barris por dia, segundo analistas citados pela Reuters.

No curto prazo, o mercado global de petróleo permanece bem abastecido, com milhões de barris armazenados em navios-tanque ao largo da costa chinesa, à espera de descarga. No entanto, especialistas alertam que, se o embargo se mantiver por um período prolongado, a retirada de quase 1 milhão de barris por dia da oferta global poderá pressionar os preços do petróleo para cima.

Desde a imposição de sanções pelos Estados Unidos em 2019, negociadores e refinarias que compram petróleo venezuelano passaram a recorrer a uma chamada “frota sombria”, composta por navios-tanque que ocultam sua localização ou que já foram sancionados por transportar petróleo iraniano ou russo.

A ofensiva de Trump contra o governo de Nicolás Maduro também inclui o reforço da presença militar dos Estados Unidos na região. Segundo a reportagem, mais de duas dezenas de ataques militares contra embarcações no Oceano Pacífico e no Mar do Caribe, próximos à Venezuela, já teriam ocorrido, resultando na morte de pelo menos 100 pessoas. O presidente norte-americano afirmou ainda que ataques terrestres ao país sul-americano começarão em breve.

Maduro, por sua vez, sustenta que o aumento da presença militar dos Estados Unidos tem como objetivo derrubá-lo e permitir que Washington obtenha controle sobre os recursos petrolíferos venezuelanos, que correspondem às maiores reservas de petróleo bruto do mundo.

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