Mauro Vieira responde Milei após post xenófobo contra o Brasil
O chanceler disse que o mapa publicado pelo argentino “precisa de uma atualização urgente” e alfineta: “saímos do Mapa da Fome com recursos próprios”
247 - O chanceler brasileiro Mauro Vieira rebateu a divulgação de um mapa da América do Sul publicada pelo presidente da Argentina, Javier Milei, que retratava o Brasil e outros países governados pela esquerda como um conjunto de favelas. A imagem apresentava, em contraste, a Argentina e nações lideradas pela direita como territórios modernos e futuristas, o que levou o governo brasileiro a reagir de forma direta. As informações são da jornalista Mônica Bérgamo, da Folha de São Paulo.
Sem mencionar nominalmente a Argentina, Mauro Vieira afirmou que “esse mapa postado pelo presidente Milei precisa de uma atualização urgente”, sinalizando insatisfação com a representação feita pelo chefe do Executivo argentino.
Na mensagem, o chanceler brasileiro destacou uma série de indicadores para sustentar a crítica. “Com o Presidente Lula na Presidência, o Brasil se moderniza e enfrenta seus problemas sociais, não os varre para baixo do tapete. Tem cidades modernas, uma economia em crescimento, os mais baixos níveis de desemprego, reservas internacionais de US$ 360 bilhões e acaba de sair novamente do Mapa da Fome, com recursos próprios”, declarou Vieira.
Os dados apresentados pelo ministro contrastam com a situação social recente da Argentina. Em 2024, primeiro ano do governo de Javier Milei, a pobreza no país chegou a 52,9% da população. No primeiro semestre deste ano, o índice recuou para 31,6%, mas ainda permanece acima do registrado no Brasil, que é de 23,1%, segundo dados do IBGE.
A situação econômica argentina também tem sido acompanhada de perto por organismos internacionais. O Fundo Monetário Internacional, que concedeu um empréstimo de US$ 20 bilhões ao país neste ano, vem alertando para a necessidade de recomposição das reservas internacionais, atualmente em níveis considerados baixos.
Ao tratar do tema, Mauro Vieira ressaltou a posição brasileira no cenário financeiro internacional, lembrando que o país mantém moeda estável há três décadas e não possui débitos com o FMI. “Há 20 anos quitamos nossa dívida e não devemos sequer um centavo ao FMI”, afirmou.
Nos bastidores do governo brasileiro, a avaliação sobre a situação argentina é ainda mais dura. Um integrante do Executivo afirmou que o país vizinho está “na pindaíba” e acumula dívidas não apenas com o FMI, mas também com a China, os Estados Unidos e outros credores internacionais.
A troca de indiretas entre Brasília e Buenos Aires ocorre às vésperas da LXVII Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, marcada para o próximo dia 20, em Foz do Iguaçu, no Paraná, evento que deve reunir líderes da região em um momento de relações diplomáticas sensíveis.


