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Trump reafirma ameaça de ações militares contra países da América Latina

Em entrevista, o presidente dos EUA volta a defender operações armadas na região e intensifica tensão diplomática

O presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca, em Washington, D.C. - 22/11/2025 (Foto: REUTERS/Aaron Schwartz)

247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a defender publicamente a possibilidade de ordenar ataques militares na América Latina, sob o pretexto de combater cartéis de drogas.  As declarações foram feitas durante uma entrevista concedida à jornalista Dasha Burns, do Politico, realizada na residência presidencial.

Durante a entrevista, Trump foi questionado sobre a eventual realização de ações semelhantes aos recentes bombardeios promovidos pelas Forças Armadas norte-americanas no Mar do Caribe e no Oceano Pacífico. Ele respondeu de forma direta: "Sim. Eu faria. Claro que faria". Apesar do tom categórico, evitou detalhar planos específicos para os territórios mexicano e venezuelano, ainda que venha reiterando a possibilidade de ataques há mais de um ano.O presidente dos EUA também voltou a acusar a Venezuela de ser um polo central no envio de fentanil para o território norte-americano. Segundo ele, "Esses barcos [que os Estados Unidos estão atacando] vêm principalmente da Venezuela, então eu diria que isso é significativo. Dá para ver as drogas. Dá para ver os pacotes por todo o barco." Trump ainda afirmou que os dias do presidente venezuelano Nicolás Maduro estariam "contados", e não descartou a hipótese de uma invasão terrestre ao país.

As acusações se somam à narrativa promovida pela Casa Branca de que Maduro comandaria o chamado “Cartel dos Sóis”, tese nunca sustentada por provas apresentadas ao público. Paralelamente, Washington mantém ativa a operação militar “Lanza del Sur”, responsável por destruir ao menos 20 embarcações no Caribe e no Pacífico desde setembro, com um saldo de 87 mortos em ações classificadas como execuções extrajudiciais por organizações de direitos humanos.

Nos Estados Unidos, a ofensiva militar tem provocado forte reação. Grupos civis ingressaram com uma ação federal exigindo que o governo revele a base legal dos ataques. Para essas organizações, “afirmar que são legais sem aportar provas mostra o desdém de Trump pela transparência básica, os direitos humanos e o imério da lei”.

O governo da Venezuela, por sua vez, classifica as ameaças como uma “intensa guerra psicológica”, argumentando que o objetivo real de Washington seria desestabilizar Maduro e acessar as grandes reservas de petróleo do país.

A escalada militar tem sido repudiada tanto em âmbito regional quanto dentro do próprio território norte-americano. No último sábado, 6 de dezembro, milhares de pessoas participaram de protestos em diversas cidades dos EUA, sob o lema “Detee a guerra antes que comece”. 

Segundo dados do portal norte-americano ANSWER, 70% da população dos Estados Unidos rejeita uma intervenção militar na Venezuela, o que evidencia crescente oposição interna à política externa adotada pelo governo Trump.

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