"Não seremos exportadores de minerais críticos", alerta Lula
Presidente defende modelo soberano de exploração: “Se quiserem, terão que industrializar no nosso país”
247 - No encerramento do encontro empresarial Brasil–Moçambique, realizado nesta segunda-feira (24) em Maputo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou que o país não pretende repetir modelos de exploração que exportam riquezas naturais sem agregar valor. O discurso destacou a importância de uma política industrial que assegure benefícios diretos à população brasileira.
Lula afirmou que o Brasil não aceitará ser apenas fornecedor de minerais estratégicos, como lítio e cobalto, essenciais para a transição energética. Segundo ele, nações ou empresas interessadas nesses recursos terão que investir em processos produtivos dentro do território nacional. “Se quiserem, terão que industrializar no nosso país para que o nosso país possa ganhar dinheiro”, declarou, defendendo que cada país mantenha controle soberano sobre suas riquezas.
Durante a fala, o presidente ressaltou o potencial econômico de Moçambique e do continente africano, destacando setores como energia, agricultura, saúde, tecnologia e defesa como áreas propícias para cooperação entre os dois países. Ele afirmou que o Brasil precisa ampliar suas importações e investimentos em Moçambique, além de fortalecer parcerias entre as cadeias produtivas do Mercosul e da zona de livre comércio africana. “Não estamos falando de uma coisa pequena”, afirmou ao citar um mercado integrado de 1,3 bilhão de pessoas e PIB trilionário.
Lula defendeu que o Brasil pode contribuir de forma decisiva para a segurança alimentar de Moçambique e ressaltou que a Petrobras tem capacidade técnica para colaborar na exploração de gás natural no país africano. Ele lembrou que Moçambique possui grandes reservas, enquanto o Brasil tem demanda crescente pelo insumo. Nesse contexto, afirmou que a estatal brasileira pode atuar diretamente com empresas locais para viabilizar projetos conjuntos.
Ao abordar o tema da mineração, o presidente reforçou que países detentores de recursos naturais precisam evitar modelos extrativistas que concentram lucros no exterior. “Ou aproveitamos essas riquezas que Deus nos deu e fazemos disso uma riqueza para nosso povo, ou vamos ver os países de sempre cavarem buracos no nosso país, levarem nosso minério e a gente ficar com a fome e a pobreza”, afirmou.
Segundo Lula, a experiência histórica brasileira demonstra a necessidade de políticas que priorizem agregação de valor e desenvolvimento interno. Ele defendeu que a cooperação com países africanos deve incluir transferência tecnológica e integração industrial, de modo que ambos os lados se beneficiem de forma equilibrada.



