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Boulos explica Governo na Rua: "aproximar os programas do Lula das pessoas e territórios"

Ministro ainda reforça urgência na revisão da escala 6x1 e na regulamentação do trabalho por aplicativos

Guilherme Boulos (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

247 - O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, explicou nesta terça-feira (25) os objetivos do programa Governo na Rua durante participação no Bom Dia, Ministro. De acordo com a entrevista, a iniciativa pretende aproximar políticas públicas federais da população por meio de ações presenciais em diversas cidades brasileiras.

A proposta deve percorrer todas as unidades da Federação a partir de dezembro, reunindo ministérios e representantes locais para ampliar o acesso da população a serviços e programas do governo federal.

Boulos ressaltou que o Governo na Rua se baseia em participação social e diálogo permanente. “A democracia tem que ser exercida permanentemente. Democracia é, também, votar a cada quatro anos, mas tem que ser mais que isso. Democracia é escutar as pessoas e chamá-las a decidir, não só no período eleitoral, mas criar processos participativos, é escutar as demandas populares para buscar convertê-las em medidas de governo”, afirmou.

O ministro confirmou que a primeira agenda ocorrerá no Sol Nascente, no Distrito Federal, uma das maiores comunidades populares do país. Segundo ele, cada ministério levará ao território seus principais programas para atendimento direto aos moradores. "Vamos aproximar os programas do governo do presidente Lula das pessoas. Cada ministério tem os seus programas e vamos levar esses vários programas para os territórios, conversar com as pessoas e criar processos participativos de decisão”, explicou.

Revisão da escala 6x1

Durante a entrevista, Boulos voltou a defender mudanças na escala 6x1, que garante apenas um dia de descanso semanal. Ele classificou o tema como urgente, sobretudo pelos impactos sobre o convívio familiar e a saúde dos trabalhadores.

“Estamos falando de milhões de trabalhadores e trabalhadoras que ficam seis dias da semana trabalhando e tem um único dia de descanso – que nem sempre é no fim de semana. Isso é importante”, alertou.

Para ilustrar a realidade, o ministro relatou a conversa que teve com um garçom que trabalha nessa escala. “Outro dia fui jantar com a minha esposa e minhas filhas e um garçom me abordou e falou que o único dia de folga dele é na terça, dia em que a esposa está no trabalho e os filhos na escola. ‘O único dia que posso ficar em casa, não vejo minha família'".

Ele reforçou que a mudança não deveria ser tratada como disputa ideológica: “Um dia por semana não é suficiente para a pessoa cuidar dos seus, conviver, às vezes cuidar da casa, resolver um problema, descansar, estudar. Não dá. Esse é um tema de interesse nacional, dos trabalhadores. Eu não acho que devia ser tratado como tema de embate de esquerda-direita, governo-oposição. Devia ser um tema nacional, de defesa do direito da maioria do povo”.

Regulamentação do trabalho por aplicativos

Outro ponto central da entrevista foi a criação de um marco regulatório para motoristas e entregadores que atuam em plataformas digitais. Boulos afirmou que o presidente Lula orientou a Secretaria-Geral a priorizar o tema. “São 3 milhões que trabalham por aplicativo, às vezes 10 horas por dia em cima de uma moto, uma profissão que é de risco, porque tem muitos acidentes de moto. Será que é justo que só pelo papel de intermediação tecnológica as empresas de aplicativos abocanhem uma fatia gigantesca de cada viagem? Eu não acho que é justo, o presidente Lula também não acha justo, acho que tem muitos deputados do Congresso que também não acham”.

Ele defendeu mecanismos que garantam maior equilíbrio e proteção jurídica e afirmou ainda que será criado um grupo de trabalho na Secretaria-Geral para acompanhar os debates no Congresso. “Esse trabalhador precisa ter um direito, um piso para equilibrar a balança de ganho, um seguro, uma previdência para garantir condições. Tenho conversado muito com motoristas e entregadores e precisa ter transparência no algoritmo”, argumentou Boulos. “O presidente Lula me deu essa missão e vamos criar um grupo de trabalho na Secretaria-Geral e vamos acompanhar a Comissão Especial na Câmara, com o relator e o presidente, tenho conversado com eles e tenho sentido boa disposição deles. Também estou trabalhando em conjunto com o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, que tem essa pauta desde o início do governo. Acho que vai dar certo e vamos ter boas notícias em breve, para os motoristas de Uber e para os entregadores de aplicativos”.

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