Brasil e EUA formalizam cooperação contra organizações criminosas
Acordo prevê investigações conjuntas sobre fundos de investimento e rotas de armamentos ligados a organizações criminosas
247 - O governo brasileiro formalizou um acordo de cooperação com os Estados Unidos para intensificar o combate a organizações criminosas com atuação transnacional. A iniciativa envolve o rastreamento de armamentos enviados a partir do território norte-americano e a apuração de operações financeiras suspeitas, incluindo pagamentos que teriam abastecido atividades ilegais no Brasil. As informações são do UOL.
Segundo informações oficiais, peças de fuzis e outros armamentos teriam chegado a organizações criminosas brasileiras após o embarque em contêineres nos Estados Unidos. A cooperação também alcança o campo financeiro: cerca de 40 fundos de investimentos sediados no Brasil e outros 17 localizados em território norte-americano estão no radar das autoridades.
Na fase inicial do acordo, as investigações devem se concentrar nos Estados Unidos, com foco nos 17 fundos estrangeiros, cujos nomes permanecem sob sigilo. O objetivo é identificar possíveis irregularidades nas operações de pagamento e eventuais vínculos com esquemas de financiamento de atividades criminosas.
O entendimento entre os dois países foi firmado após a interdição da refinaria de Manguinhos, no Rio de Janeiro, pertencente ao empresário Ricardo Magro. O acerto ocorreu no início de dezembro, depois de um telefonema do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Os detalhes operacionais foram ajustados posteriormente em uma conversa entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o embaixador norte-americano interino no Brasil, Gabriel Escobar.
Ricardo Magro reside em Miami e é apontado pelo governo brasileiro como o maior devedor contumaz do país, classificação que ele contesta. O empresário afirma questionar diversas cobranças e autuações feitas por fiscos estaduais e federais, o que, segundo as autoridades, resultaria em pendências que somam cerca de R$ 26 bilhões.
A Refinaria de Manguinhos, operada pela Refit, é alvo de investigações da Receita Federal, da Polícia Federal, do Ministério Público de São Paulo e da Agência Nacional do Petróleo (ANP). As apurações indicam uma suposta ligação da refinaria com a distribuidora Copape, que, de acordo com o Ministério Público estadual e a Receita, funcionaria como um braço operacional do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Conforme as investigações, a Refit teria importado gasolina pronta declarada como insumo, especificamente nafta, enquanto sua base em Manguinhos não realizaria o refino previsto em lei, mas apenas a formulação por meio da mistura de componentes. Essa prática, segundo os órgãos de controle, permitiria o pagamento de menos impostos, reduzindo artificialmente o preço do combustível nas bombas.
Magro nega a existência dessas irregularidades e sustenta que o processo conduzido pelas autoridades apresenta falhas com o objetivo de incriminá-lo. O empresário também refuta qualquer vínculo com o PCC ou com outras organizações criminosas.



