HOME > Brasil

Caso Master: diretor da PF confirma suspeito com foro e nega “prejuízo” da investigação sob o STF

Inquérito foi transferido à Corte após PF prender documento que citava deputado federal

Andrei Rodrigues Foto: Andressa Anholete/Agência Senado (Foto: Andressa Anholete)

247 - O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou nesta segunda-feira que o encaminhamento da investigação do chamado caso Master ao Supremo Tribunal Federal (STF) não trouxe prejuízos às apurações que investigam supostas irregularidades atribuídas ao banqueiro Daniel Vorcaro, controlador da instituição financeira. Segundo ele, a atuação da corporação segue normalmente, agora sob a supervisão do foro competente, após a identificação de indícios envolvendo autoridade com prerrogativa de foro.

De acordo com Andrei, a paralisação temporária ocorreu apenas para garantir a legalidade do procedimento e evitar riscos futuros à investigação.

“Não houve nenhum prejuízo na investigação, porque foi um lado temporal curtíssimo e agora já devidamente autorizado pelo foro competente. As investigações prosseguem, análise de material aprendido e tudo aquilo que nós temos que fazer”, afirmou o diretor-geral da PF.

Andrei explicou que a corporação adota um padrão rigoroso sempre que surgem indícios envolvendo autoridades com foro privilegiado. “De fato, temos tido uma cautela muito grande em todas as nossas investigações, até para evitar nulidades. A qualquer indício de investigado com prerrogativa de foro, suspendemos as investigações e enviamos ao foro competente. Neste caso, houve um achado que pode indicar a prerrogativa de foro. A partir de agora, todas as ações referentes a este caso precisam ser submetidas a esse foro, que é o Supremo”, completou.

Na semana passada, o ministro do STF Dias Toffoli determinou que apenas ele poderá autorizar novas medidas no âmbito do inquérito, como buscas, apreensões e quebras de sigilo, além de decretar sigilo máximo sobre os autos. A decisão foi motivada pela identificação de referência a pelo menos um deputado federal em documento apreendido pela Polícia Federal.

O material menciona o deputado José Carlos Bacelar Filho (PL-BA) em contexto relacionado a um “empreendimento imobiliário”. Procurado, o parlamentar afirmou que atuou na tentativa de estruturar um fundo para a construção de um projeto imobiliário em Porto Seguro, na Bahia, e que Daniel Vorcaro demonstrou interesse inicial, sem que o negócio fosse concretizado. “Estive várias vezes com ele sobre esse assunto. Ele é meu amigo e falou que tinha interesse. Mas o negócio não se concretizou, porque ele disse que estava tentando salvar o banco e que essa era a prioridade no momento”, declarou Bacelar.

O documento foi utilizado pela defesa de um diretor do Banco Master como argumento para deslocar a competência da investigação da Justiça Federal do Distrito Federal para o STF, pedido que acabou acolhido por Dias Toffoli.

Investigações sobre emendas parlamentares

Além do caso Master, Andrei Rodrigues comentou as apurações que envolvem suspeitas de desvios de recursos de emendas parlamentares, inclusive aquelas relacionadas ao chamado Orçamento Secreto. Ele ressaltou que a Polícia Federal atua sem criminalizar a atividade política, mas com foco na responsabilização de eventuais irregularidades.

“A atividade política não pode ser responsabilizada nem criminalizada, mas aqueles que desviarem vamos apresentar conclusões ao Poder Judiciário sem caça às bruxas, sem criminalização da política, mas com responsabilidade”, afirmou.

Na última sexta-feira, a PF deflagrou a operação “Transparência”, que apura supostas irregularidades na distribuição de emendas. Uma ex-assessora do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) foi alvo de mandados de busca e apreensão. Lira não foi incluído entre os investigados nessa ação.

O diretor-geral destacou ainda que as investigações tiveram origem em denúncias feitas por parlamentares. Segundo ele, quatro deputados federais e um senador relataram à PF possíveis direcionamentos e execuções suspeitas de emendas de relator.

Andrei afirmou manter diálogo permanente com as lideranças do Congresso Nacional, mesmo diante das operações em curso. “Eu não tenho nenhuma preocupação em relação ao diálogo que tenho com o mundo político, porque tenho a convicção e a certeza daquilo que nós estamos fazendo na Polícia Federal com correção”, disse. Ao comentar reações e pressões vindas do Parlamento, completou: “Isso faz parte do jogo e quem não aguentar a pressão não vem ao jogo”.

Artigos Relacionados