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Caso Master-Vorcaro: Justiça vê indícios robustos de organização criminosa

Investigação revela que a organização criminosa teria causado prejuízo superior a R$ 10 bilhões ao setor público

Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master (Foto: Divulgação)

247 - A Justiça Federal do Distrito Federal detalhou um amplo esquema de irregularidades envolvendo o Banco Master, cuja atuação, segundo os investigadores, configuraria uma organização criminosa com divisão de tarefas e prejuízos bilionários ao erário. A operação resultou na prisão do proprietário da instituição, o executivo Daniel Vorcaro, detido pela Polícia Federal no Aeroporto de Guarulhos sob suspeita de tentar deixar o país. As informações foram publicadas por Malu Gaspar, do jornal O Globo, que teve acesso à decisão judicial que embasou a operação Compliance Zero.

Segundo os documentos analisados pela Justiça, o esquema teria começado em 2021, reunindo um grupo de agentes com o objetivo de fraudar o sistema financeiro, manipular dados contábeis, iludir órgãos de controle e causar prejuízo a investidores e instituições públicas. Entre os envolvidos, estariam dirigentes do Banco de Brasília (BRB), que teriam contribuído para danos à própria instituição estadual que administravam.

Além de Vorcaro, outros seis executivos e funcionários do Banco Master foram presos, assim como os proprietários de uma empresa responsável por produzir documentos falsificados usados para mascarar operações financeiras inexistentes. De acordo com a investigação conduzida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, o grupo utilizava uma combinação de falsificação de documentos, ocultação de informações, manipulação de registros e operações suspeitas para dar aparência de legalidade às transações.

A apuração revelou que as cúpulas do Master e do BRB teriam “fabricado” ao menos 20 títulos de crédito fictícios, usados para justificar a transferência de R$ 12,2 bilhões do banco estatal para o Master entre janeiro e maio de 2025. Segundo a Polícia Federal, mesmo ciente das limitações legais de exposição financeira, o BRB teria agido movido por “pura camaradagem”, desconsiderando formalidades contratuais e tentando contornar procedimentos de fiscalização.

Fontes ligadas às investigações afirmam que todos os documentos apresentados eram “falsificações grosseiras”. Um lote inteiro de supostos títulos chegou a ser autenticado no mesmo dia e no mesmo cartório, em São Paulo, em abril de 2025, logo após o Banco Central solicitar acesso aos papéis durante auditoria relacionada à compra do Master pelo BRB, anunciada em março.

Mesmo após o início do monitoramento conduzido pelo Banco Central, o BRB continuou realizando repasses bilionários ao Master, dessa vez usando CDBs originados de terceiros. As autoridades estimam que o prejuízo total das operações possa superar R$ 10 bilhões.

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