Haddad critica PL Antifacção: 'asfixia a PF, não o crime organizado'
Ministro diz que proposta aprovada pela Câmara cria risco institucional e prejudica ações de combate à lavagem de dinheiro e fraudes
247 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), voltou a criticar de forma contundente o PL Antifacção aprovado pela Câmara dos Deputados na noite de terça-feira (18). A declaração foi feita nesta quarta-feira (19/11) e foi divulgada inicialmente pelo Metrópoles, que detalhou a reação do governo ao avanço da proposta. Segundo Haddad, o texto aprovado compromete o trabalho investigativo da Polícia Federal ao reduzir suas capacidades financeiras.
Em sua fala, o ministro argumentou que a proposta produz o efeito inverso ao anunciado por seus defensores. “Como ministro da Fazenda e, portanto, responsável pela Receita Federal do Brasil pelas aduanas brasileiras, e essas três operações que eu citei – os fundos de lavagem de dinheiro da Faria Lima, a máfia dos postos de combustível no Rio de Janeiro e a questão da fraude no sistema financeiro –, elas serão enfraquecidas com esse projeto, que, repito, asfixia financeiramente a Polícia Federal, e não o crime organizado”, afirmou. Ele classificou a aprovação como um episódio “delicado” para o país.
O PL Antifacção (Projeto de Lei nº 5.582/25) foi aprovado por larga maioria: 370 votos favoráveis, 110 contrários e três abstenções. O relator, deputado Guilherme Derrite (PP-SP), apresentou seis versões do parecer até chegar ao texto final, após enfrentar críticas de parlamentares de diversos espectros políticos — centro, direita, base governista e até setores da oposição.
O líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (PT-RJ), reconheceu publicamente o desgaste, afirmando que a escolha de Derrite para relatar o projeto provocou uma “crise de confiança” entre o Executivo e a direção da Câmara.
A base governista tentou adiar a votação por duas vezes e ainda propôs retomar o projeto original enviado pelo Executivo, mas todas as manobras foram derrotadas no plenário. O texto alternativo, elaborado pelo relator, acabou prevalecendo.
Agora, o governo busca avaliar estratégias para atuar no Senado, onde o projeto será apreciado em seguida. A equipe econômica e a cúpula da PF demonstram preocupação com os impactos financeiros previstos, especialmente sobre estruturas de investigação dedicadas ao combate ao crime organizado, à lavagem de dinheiro e às fraudes em larga escala.



