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Lula cita "desavença" na Câmara e diz: "é um pouco da democracia"

O presidente não citou diretamente as agressões ao deputado Glauber Braga nem a aprovação do PL da Dosimetria

Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (10) que a recente “desavença” registrada na Câmara dos Deputados faz parte do processo democrático. A declaração foi dada durante a cerimônia de anúncios dos Projetos Habilitados pelo Fundo de Investimento em Infraestrutura Social (FIIS) e de iniciativas de abastecimento de água e saneamento do Novo PAC Seleções.

Lula comentou rapidamente o clima político no Congresso. Sem citar diretamente as agressões ao deputado Glauber Braga (Psol-RJ) nem a aprovação do PL da Dosimetria, o presidente sugeriu que o episódio faz parte do sistema democrático: “Essa desavença da Câmara é um pouco da democracia. A gente estava desabituado a isso”.

No discurso, Lula ressaltou que o anúncio desta quarta-feira marca a etapa final da atual fase do PAC, lembrando que o programa mobiliza investimentos de R$ 1,7 trilhão. Ele agradeceu à Casa Civil e às equipes técnicas envolvidas na estruturação do programa. “Muita gente achou que era humanamente impossível que a gente pudesse concluir os investimentos”, afirmou, destacando que a fase final transfere a execução para estados e municípios.

O presidente avaliou que seu governo tem apresentado um ritmo inédito de entregas. Ele incentivou que se compare o momento atual com outros períodos da história brasileira: “Vocês poderiam pesquisar em que momento da história o Brasil viveu um momento de entregas tão sérias como essas que estamos fazendo”. Segundo ele, o Novo PAC foi construído a partir de demandas apresentadas por governadores e prefeitos, o que teria garantido maior planejamento.

Lula criticou a ausência histórica de projetos estruturados no país e destacou que o PAC foi criado justamente para evitar ações improvisadas. O presidente argumentou que sua gestão tem priorizado obras estruturantes e políticas de inclusão. “Quem investiu mais em políticas de inclusão social? Fomos nós. Quem investiu mais em ferrovia? Em obras hídricas?”, questionou, enfatizando que investimentos federais precisam considerar as necessidades básicas da população.

Ao tratar de políticas sociais, Lula apontou que o Estado deve garantir subsídios para que famílias de baixa renda tenham condições de acessar direitos como a casa própria. O presidente citou o distanciamento entre a realidade das classes mais vulneráveis e a visão de gestores públicos, criticando a priorização de obras voltadas ao turismo em detrimento de áreas populares.

Ele afirmou que o governo encerrará o ano com um volume de entregas inédito e lembrou que assumiu o país em situação de instabilidade: “Quando eu cheguei aqui, este país estava ingovernável. Era como se tivesse passado um furacão”. Lula também elogiou o Congresso por ter aprovado a maior parte das propostas do Executivo, apesar das divergências: “Com todas as divergências, aprovamos tudo que a gente queria. Nem sempre 100%, mas 70%, 80%, 90%”.

O presidente destacou indicadores econômicos recentes, como a menor inflação acumulada em quatro anos e o aumento da massa salarial. Ele mencionou ainda o reajuste do salário mínimo, as mudanças na tabela do Imposto de Renda e o aumento da merenda escolar — medidas, segundo ele, diretamente ligadas à melhora na renda das famílias.

Ao comentar a nova faixa de isenção do Imposto de Renda, Lula afirmou que o benefício representa ganho significativo para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil mensais. “Vai dar R$ 4 mil por ano. É um 14º salário”, afirmou, defendendo que a medida contribui para melhorar a vida da população.

O presidente concluiu com uma avaliação otimista sobre o cenário nacional. “Eu estou muito tranquilo com o que está acontecendo no Brasil”, disse. “Esse país está mudando para melhor. Pode ter certeza de que vamos entregar esse país civilizado à sociedade brasileira".

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