Lula reconhece “confusão” entre governo e Senado e reitera apoio a Messias para o STF
Presidente afirma que indicação é prerrogativa do Executivo, nega crise com líderes do Congresso e diz esperar votação após o recesso
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reconheceu nesta quinta-feira (18) que houve uma “confusão” na relação entre o governo e o Senado Federal em torno da indicação para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), mas reafirmou que manterá o nome de Jorge Messias para o cargo. Segundo ele, o episódio decorreu de divergências políticas legítimas e não configura crise institucional.
As declarações foram feitas durante entrevista coletiva concedida no Palácio do Planalto. Lula afirmou que cumpriu o que definiu como dever e direito constitucional do presidente da República. “Eu apenas cumpri uma coisa que é o dever e direito de escolher um nome, que eu entendo que é ideal, para ser ministro da Suprema Corte e indiquei o companheiro Messias”, disse. Para o presidente, o indicado reúne credenciais técnicas e experiência na relação com o STF. “Ele é uma pessoa altamente capacitada como advogado, na relação com a Suprema Corte. Ele seria um motivo muito grande para esse país”, afirmou.
Lula explicou que o impasse surgiu porque setores do Senado defendiam outro nome para a vaga. “Houve um problema porque o Senado queria indicar o companheiro Pacheco”, declarou, referindo-se ao ex-presidente da Casa. O presidente destacou, porém, sua admiração pessoal pelo senador. “É um companheiro que tem muito mérito, uma pessoa que eu gosto pessoalmente, que eu sonhei em fazê-lo ser candidato para ganhar as eleições e ser governador de Minas Gerais”, disse.
Segundo Lula, a situação mudou após a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso. “Aconteceu um imprevisto. O Barroso pediu as contas, se aposentou. Então o companheiro Pacheco mudou de posição”, afirmou. O presidente também mencionou a atuação do senador Davi Alcolumbre, que, segundo ele, tinha o direito de sugerir um nome, mas não de impor a indicação. “O companheiro Alcolumbre queria indicar o Pacheco, e é um direito dele, mas é direito dele propor para mim. Houve essa confusão”, disse.
Apesar do episódio, Lula garantiu que seguirá com a indicação de Jorge Messias. “Eu continuo com o nome do Messias, vou encaminhar a papelada toda do Messias”, afirmou. Ele observou que o calendário institucional deve adiar a tramitação. “Sei que a gente vai ter que esperar a volta do Congresso Nacional. O Judiciário vai entrar de férias, o Congresso vai entrar de férias”, explicou. “Quando voltar do recesso, o nome do Messias esteja lá. E eu espero que haja a votação.”
O presidente também negou qualquer desgaste pessoal com lideranças do Congresso. “Não tem nada de pessoal entre mim e o companheiro Alcolumbre. Sou amigo do Alcolumbre, gosto pessoalmente dele”, disse. Lula destacou o papel do senador na articulação política do governo. “Ele tem nos ajudado de forma extraordinária a aprovar grande parte das coisas que a gente quer aprovar. É com ele que muitas vezes o Haddad conversa, a Gleisi”, afirmou, em referência ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e à ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.
Lula ampliou a avaliação ao afirmar que não há crise com outras lideranças do Legislativo. “Não existe nenhuma crise entre mim e o Alcolumbre ou o Hugo Motta. Cada um representa uma instância de poder e quando tem um problema entre nós a gente conversa e resolve”, disse. Ao fazer um balanço político, o presidente agradeceu ao Congresso Nacional. “Sou agradecido ao Congresso Nacional por ter aprovado todas as coisas que nós entendíamos serem necessárias para reconstruir esse país”, afirmou.
Encerrando a fala, Lula destacou o respeito institucional ao Parlamento e mencionou lideranças que, segundo ele, contribuíram para a agenda do governo. “Termino o ano de 2025 agradecendo ao Congresso Nacional, ao comportamento do companheiro Alcolumbre, do Arthur Lira quando era presidente e do Hugo Motta de aprovar as coisas que nos interessa”, declarou. “Continuo tendo profundo respeito pela casa legislativa, porque eles são os representantes do povo brasileiro dentro do Congresso Nacional.”



