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Michelle visita Bolsonaro na prisão após briga com enteados

Visita à PF em Brasília sela reconciliação familiar e redefine rumos do PL nas eleições de 2026

Michelle Bolsonaro (Foto: Reuters/Amanda Perobelli)

247 - A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) reencontrou nesta quinta-feira (4) o marido, Jair Bolsonaro (PL), na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde o ex-presidente permanece detido. O encontro ocorreu após semanas de tensão pública entre Michelle e os filhos do ex-chefe do Executivo. As informações são do jornal O Globo.

Esta foi a primeira conversa presencial do casal desde o embate que colocou Michelle em conflito direto com os enteados. Ela saiu fortalecida da disputa interna: o PL decidiu suspender a articulação que unia o partido a Ciro Gomes (PSDB) no Ceará — exigência feita por Michelle — e Flávio Bolsonaro foi orientado pelo pai a se retratar publicamente com a madrasta.

A decisão contraria expectativas do Centrão, cujas lideranças apostavam no enfraquecimento político de Michelle após o episódio. Dirigentes de PP, União Brasil e Republicanos avaliavam que a ex-primeira-dama perderia espaço e deixaria de ser cotada para uma eventual candidatura a vice na chapa presidencial de 2026 — posição almejada por nomes como Ciro Nogueira (PP-PI). Esses grupos argumentavam que mantinham comunicação mais fluida com os filhos do ex-presidente.

Mesmo assim, Bolsonaro determinou que seus herdeiros passem a alinhar posições com Michelle antes de torná-las públicas, reforçando o peso dela nas decisões estratégicas do partido.

Reconciliação entre Michelle e Flávio

A reaproximação entre Michelle e Flávio Bolsonaro ocorreu poucas horas antes da visita dela ao marido. O senador esteve com o pai na PF, ouviu reprimendas e, em seguida, procurou a madrasta para se desculpar. Segundo relatado, houve momentos de emoção e oração conjunta.

Flávio afirmou que a conversa selou o entendimento: “Conversamos, entendi o ponto de vista da primeira-dama e nos entendemos. Demos um abraço, fizemos uma oração e lamentamos as condições com que Jair Bolsonaro está preso na PF. Isso é passado”, declarou.

Michelle, entretanto, aproveitou a reconciliação para reforçar sua influência no Ceará. Ela anunciou que será substituída em agendas do PL Mulher pela deputada Priscila Costa (PL-CE), sua aliada e nome que pretende impulsionar ao Senado em 2026. A decisão incomodou parte da direção estadual, que vê Priscila como potencial puxadora de votos para a Câmara — algo que Michelle rejeita. Ao nomear a parlamentar como sua porta-voz no estado, a ex-primeira-dama colocou aliados locais diante de uma nova correlação de forças.

Direção do PL suspende aliança com Ciro Gomes

O conflito interno repercutiu diretamente na estratégia eleitoral cearense. A articulação que buscava unir bolsonaristas a Ciro Gomes foi congelada após a crise familiar. O movimento foi apoiado por Bolsonaro e comunicado publicamente após encontro com Flávio na PF.

Coube ao deputado André Fernandes (PL-CE), responsável por costurar o acordo no estado, anunciar o recuo: “A gente avançou nessas articulações tentando, sim, fazer ali uma aliança, uma composição para derrotar o PT no estado do Ceará. (…) Acato a ordem do diretório nacional e ao que tudo indica vamos repensar, analisar um futuro melhor para o estado”, afirmou.

Flávio também reforçou que a turbulência interna ficou para trás.  “Eu acho que a gente dá um passo importante aqui de amadurecimento, de demonstração de maturidade. A Michelle participa do núcleo duro do partido que vai tomar as decisões, porque ela tem um posicionamento muito cristalino, muito transparente, muito verdadeiro”, declarou. Segundo ele, o problema decorreu de um “ruído de comunicação”, agora superado.

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