HOME > Brasil

Moraes chama carta de general de "monumento histórico da literatura golpista"

Ministro do STF afirma que documento enviado por Mário Fernandes a Freire Gomes reforça materialidade de crimes apontados pela PGR

General da reserva Mário Fernandes (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

247 - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes classificou como “literatura golpista brasileira” uma carta enviada pelo general Mário Fernandes ao então comandante do Exército, general Freire Gomes. O documento, segundo o relator do caso, teve como objetivo pressionar a cúpula militar em meio às articulações investigadas como tentativa de ruptura institucional após o segundo turno das eleições de 2022.

De acordo com os autos, a carta foi encaminhada por Mário Fernandes — identificado como “kid preto” — por meio do WhatsApp, em novembro daquele ano, e integra o conjunto de provas reunidas pela Polícia Federal (PF) na investigação sobre a trama golpista.

Durante a leitura de seu voto, Moraes afirmou que não faria a leitura integral do texto, embora tenha ressaltado o caráter simbólico do material. “Não lerei a carta inteira, apesar de ser um verdadeiro monumento histórico da literatura golpista brasileira, mas ela está nos autos, assim como os slides. Lerei apenas o final, para que conste nos anais do Supremo Tribunal Federal. Ele faz ali um chamamento aos militares e afirma: ‘Reforço, ainda, comandantes, que somos aves de mesma plumagem, que voam e pensam juntas, e cujo sacrifício pela pátria não é apenas uma rotina, mas sim a nossa motivação'”, declarou o ministro ao citar o trecho final do documento.

Na sequência, Moraes reforçou a interpretação de que o conteúdo tem natureza golpista e está diretamente relacionado às acusações apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR). “Faltou apenas dizer ‘Força’. Aqui reafirma-se: é o seu intuito [a carta], é golpista. Portanto, está aqui claramente demonstrada a prática delitiva apontada pela Procuradoria-Geral da República na denúncia em relação ao réu Mário Fernandes”, concluiu.

Ao analisar as preliminares apresentadas pelas defesas dos réus que compõem o chamado núcleo 2 da trama golpista, o ministro rejeitou todos os argumentos e destacou que não há controvérsia quanto à existência dos crimes imputados. Segundo ele, a materialidade já foi devidamente comprovada no curso do processo.

Artigos Relacionados