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Proposta de compra do Master era 'cortina de fumaça' para fuga de Vorcaro, apontam investigadores

Prisão do empresário no aeroporto levanta dúvidas sobre o anúncio de compra divulgado horas antes

Daniel Vorcaro (Foto: Divulgação (Banco Master))

247 - Investigadores que atuam na Operação Compliance Zero avaliam que o anúncio da proposta de compra do Banco Master pela holding Fictor, divulgado na segunda-feira (17), pode ter sido usado como estratégia para desviar a atenção enquanto Daniel Vorcaro tentava sair do país. O empresário foi preso no aeroporto de Guarulhos no mesmo dia, prestes a embarcar para o exterior.

Segundo o Valor Econômico, a avaliação das autoridades é que Vorcaro, dono do Banco Master, suspeitava que seria alvo de prisão. A ordem judicial foi assinada ainda na tarde da segunda-feira — exatamente o dia em que se tornaram públicas tanto a proposta de aquisição quanto a notícia de sua detenção.

Fictor suspende proposta e se manifesta sobre o caso

 Em comunicado divulgado após os desdobramentos, a Fictor afirmou que tomou conhecimento pela imprensa da liquidação extrajudicial do Banco Master e da decisão judicial que levou à prisão de Vorcaro. A empresa informou que suspendeu a proposta de compra.

 “Reafirmamos nosso absoluto respeito ao Banco Central do Brasil e aos demais órgãos de segurança e controle, bem como nosso compromisso com a integridade, a transparência e a estabilidade do sistema financeiro brasileiro. Por se tratar de tema sob análise das autoridades, a Fictor não comentará o mérito das investigações”, disse a Fictor, de acordo com a reportagem .

Operação investiga fraudes bilionárias no sistema financeiro

 As prisões fazem parte da Operação Compliance Zero, que combate a emissão de títulos de crédito falsos por instituições que integram o Sistema Financeiro Nacional. De acordo com a Polícia Federal, o esquema pode ter atingido R$ 12,2 bilhões apenas no primeiro semestre de 2025. A Justiça do Distrito Federal determinou o bloqueio dos valores envolvidos.

Durante a operação, foram apreendidos R$ 1,6 milhão em espécie, carros de luxo, obras de arte e relógios de alto valor. A investigação também resultou no afastamento de Paulo Henrique Costa da presidência do Banco de Brasília (BRB), além de todos os diretores que compõem o colegiado.

Mandados atingem executivos do Master e fundadores da Cartos

 Além de Vorcaro, foram presos preventivamente Augusto Ferreira Lima, ex-CEO do Master; Luiz Antônio Bull, diretor de Riscos, Compliance, RH, Operações e Tecnologia; Alberto Felix de Oliveira Neto, superintendente executivo de Tesouraria; e Ângelo Antônio Ribeiro da Silva, apontado como um dos sócios do banco.

Também foram detidos temporariamente André Felipe de Oliveira Seixas Maia e Henrique Souza e Silva Peretto, fundadores da fintech Cartos. Segundo a reportagem, Procurados, o Banco Master e os advogados de Daniel Vorcaro não se manifestaram sobre o caso até a publicação da matéria.  

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