Silveira afirma que crise entre Alcolumbre e Lula será contornada e que presidente decidirá quando ‘entrar em campo’
Ministro vê conflito como pontual e diz que Lula escolherá momento de atuar nas negociações
247 - O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou na segunda-feira (1º) acreditar que a tensão entre o governo federal e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), tende a se dissipar.
No segundo parágrafo, conforme registrado originalmente pelo O Globo, Silveira reforçou que o mal-estar causado pela resistência de Alcolumbre ao nome de Jorge Messias, indicado por Luiz Inácio Lula da Silva ao Supremo Tribunal Federal (STF), tem caráter circunstancial.
De acordo com aliados, a insatisfação de Alcolumbre decorre do fato de que ele defendia a indicação do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a Corte. A avaliação no entorno do governo é de que a articulação política convencional não garantirá apoio suficiente a Messias, tornando necessária a entrada direta do presidente Lula nas conversas com senadores.
Em sinal de tensão, Alcolumbre agendou a sabatina antes mesmo de o Palácio do Planalto enviar a mensagem oficial ao Congresso — etapa essencial para formalizar a indicação ao STF, anunciada em 20 de novembro.
Durante visita ao Senado, Silveira reforçou confiança no diálogo como caminho para distensionar o ambiente. “Eu acredito sempre no diálogo, na busca pelos problemas reais da sociedade. Dialogar para construir maioria nas casas parlamentares é extremamente natural, e qualquer estresse que seja pontual, eu tenho absoluta convicção de que será resolvido para o bem do Brasil”, afirmou.
O ministro acrescentou: “Quem sabe a hora de o presidente Lula entrar em qualquer discussão é o presidente Lula, que teve 60 milhões de votos no Brasil, que é o líder dessa Nação, e tem uma responsabilidade e uma experiência tremenda no trato com a coisa pública e na relação democrática com o Parlamento Nacional”.
A ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), também se movimentou para reduzir o atrito. Nas redes sociais, disse que o governo mantém por Alcolumbre “o mais alto respeito e reconhecimento”. Segundo aliados, o Planalto busca intensificar gestos de aproximação com os presidentes das duas Casas legislativas.
A demora no envio da mensagem oficial levou o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Otto Alencar (PSD-BA), a admitir, na quarta-feira (27), que a sabatina de Messias poderá ser adiada.
Reportagem do colunista Lauro Jardim apontou ainda que Alcolumbre poderia pleitear a presidência do Banco do Brasil como moeda de troca para facilitar a aprovação de Messias — hipótese negada por ele. Em nota, o senador afirmou: “É nítida a tentativa de setores do Executivo de criar a falsa impressão, perante a sociedade, de que divergências entre os Poderes são resolvidas por ajuste de interesse fisiológico, com cargos e emendas. Isso é ofensivo não apenas ao Presidente do Congresso Nacional, mas a todo o Poder Legislativo”.
Alcolumbre também criticou a ausência da mensagem formalizando o nome ao STF, afirmando que o atraso sugere tentativa de interferência no calendário do Senado. “Assim como é prerrogativa do presidente da República indicar ministro ao STF, também o é a prerrogativa do Senado de escolher, aprovando ou rejeitando o nome”, destacou.



