Wajngarten diz que turma de Tarcísio nunca respeitou Bolsonaro
“Nunca valorizaram quem tem os votos”, disse o advogado do ex-presidente
247 – O advogado e assessor de Jair Bolsonaro, Fábio Wajngarten, elevou o tom contra auxiliares próximos do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), após a confirmação de que Flávio Bolsonaro (PL-RJ) será o candidato do bolsonarismo à Presidência em 2026. Em publicação nas redes sociais, Wajngarten afirmou que integrantes do Palácio dos Bandeirantes “nunca respeitaram” e “nunca valorizaram” Jair Bolsonaro, a quem atribui ser o detentor do capital eleitoral da direita brasileira. As declarações surgiram poucas horas depois do anúncio da pré-candidatura de Flávio, revelado inicialmente pelo Metrópoles e confirmado pelos dirigentes do PL.
“Não gostam, nunca respeitaram, nunca valorizaram quem tem os VOTOS”, escreveu Wajngarten, citando o senador Flávio Bolsonaro e defendendo que Tarcísio “corrija” e “expurgue” de sua equipe aqueles que teriam se manifestado contra a escolha de Jair Bolsonaro. Segundo ele, “nessas 16 horas passadas desde o anúncio [...] ficou evidente o enorme problema que habita no Palácio dos Bandeirantes”.
As críticas expõem o aumento da tensão interna no campo bolsonarista desde que Flávio Bolsonaro confirmou publicamente, em entrevista ao Metrópoles, ter sido escolhido pelo pai para disputar a Presidência. “É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação”, declarou o senador.
A confirmação do nome de Flávio provocou forte impacto no mercado financeiro brasileiro. Como noticiou a Reuters, o anúncio fez o Ibovespa despencar mais de 4%, derrubou os preços dos títulos públicos e impulsionou o dólar, que subiu mais de 3% em relação ao real. Analistas interpretaram a decisão como um revés para a construção de uma frente ampla de centro e direita, que tinha Tarcísio de Freitas como o candidato preferido do mercado.
Economistas e agentes financeiros avaliam que Flávio Bolsonaro teria menos capacidade de atrair o eleitorado de centro do que Tarcísio, o que dificultaria a tentativa de derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026. “Ainda é cedo para cravar, mas a decisão ‘implode’ possíveis alianças entre centro e direita para o ano que vem”, afirmou André Perfeito, da Garantia Capital, à Reuters.
O senador, por sua vez, disse saber que não era “a primeira opção de alguns”, mas afirmou que seu programa econômico será previsível e elaborado por “pessoas muito sérias”. Flávio também informou ter conversado com Tarcísio de Freitas, que, segundo ele, demonstrou respeito e apoio à sua candidatura.
A reação de Wajngarten, contudo, revela que a disputa interna no campo bolsonarista está longe de um consenso. Com Jair Bolsonaro preso e inelegível após condenação por tentativa de golpe de Estado, a definição do candidato para 2026 desencadeou um conflito que agora atinge diretamente o núcleo político do governador de São Paulo.



