Haddad afirma estar otimista com parceria anticrime entre Brasil e EUA
Ministro diz que cooperação pode sufocar financeiramente facções internacionais e pede ação rápida além da burocracia
247 – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira que saiu “muito animado” da reunião com Gabriel Escobar, encarregado de Negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, sobre a criação de uma parceria permanente para sufocar financeiramente o crime organizado internacional. As informações são da Agência Gov.
A agenda ocorre dias depois de um telefonema entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Donald Trump, no qual Lula propôs uma cooperação direta para atacar as estruturas financeiras das facções com atuação global. Segundo Haddad, o gesto foi bem recebido pela Casa Branca. “Eles [Lula e Trump] conversaram, o presidente ficou de mandar um documento, foi um telefonema, nós mandamos o documento, e como consequência do documento, a embaixada fez contato para nós avançarmos e com muito boas notícias de que o interesse na proposta brasileira é muito grande, de cooperação”, afirmou.
Haddad destaca entusiasmo dos EUA e avanços nas investigações
O ministro disse ter percebido reciprocidade norte-americana. “Eu saí muito animado da conversa, porque eu senti entusiasmo da parte dele, eu senti realmente que ele está otimista”, declarou. Ele adiantou ao representante dos EUA detalhes de investigações brasileiras que envolvem fundos constituídos em território norte-americano.
“Eu pude adiantar alguns detalhes das investigações que estão sendo feitas no Brasil e que envolvem fundos constituídos nos Estados Unidos”, afirmou. Haddad também destacou que a integração entre Polícia Federal, Receita Federal e Ministérios Públicos vem avançando, o que abre caminho para cooperações mais robustas. “A integração está acontecendo de maneira satisfatória e que se eles se integrassem a nós nesse contexto, eu penso que nós poderíamos potencializar a ação de combate, não apenas a lavagem de dinheiro, mas como esse dinheiro acaba chegando nas facções, que é uma preocupação muito grande deles”, declarou.
Brasil quer parceria sob condições próprias
Questionado por jornalistas, Haddad reforçou que a cooperação com os Estados Unidos deve respeitar as especificidades brasileiras e não pode ser baseada no modelo aplicado pelos EUA ao México.
“Eu falei que a situação do Brasil é muito diferente da mexicana, que não havia como comparar a situação, mas que nós tínhamos condição de fazer uma parceria adequada, mas em termos que respeitassem a condição do Brasil hoje, que é muito diferente da mexicana”, afirmou.
Ao explicar o que espera da parceria, Haddad detalhou um mecanismo de comunicação imediata sobre cargas suspeitas — como contêineres que chegam ao Brasil com peças de fuzis ou armas completas. “Nós queremos criar um canal de comunicação, assim que o contêiner chega dos Estados Unidos, com peças de fuzil ou com fuzis, nós vamos informar uma autoridade competente lá que vai cuidar dos assuntos brasileiros, para saber quem exportou, por que exportou, para quem exportou, se houve participação do exportador, se houve uma operação dentro do porto para colocar as peças dentro do contêiner, mas você começa a combater imediatamente esse tipo de coisa”, explicou.
“Não é mais hora de assinar documentos, é hora de agir”, diz ministro
Haddad defendeu que o acordo precisa produzir resultados concretos e superar limitações formais já existentes. “Que essa relação deixe de ser uma relação formal, burocrática, para ser eficaz, ela tem que produzir, o acordo aqui é assim, nós temos que produzir resultados, não adianta só uma política de boa vizinhança, nós temos que produzir resultados”, afirmou.
Ele também destacou que o governo já identificou claramente os problemas a serem enfrentados e que o momento agora é de ação. “A nossa carta já faz menção das várias possibilidades. E da leitura dos documentos que nós vamos mandar para eles, já vai ficar claro o que nós temos que fazer, porque estão identificados os problemas, não estamos pesquisando o que está acontecendo, não sabemos o que está acontecendo, então chegou o momento de agir, não é mais assinar documentos, é agir”, declarou.



