Ibovespa bate novo recorde e passa dos 164 mil pontos
No acumulado do ano, o avanço chega a 36%, impulsionado pelo fluxo estrangeiro e pela perspectiva de alívio monetário, e leva índice ao 31º recorde do ano
247 - O Ibovespa renovou nesta quinta-feira (4) sua máxima histórica ao encerrar o pregão acima dos 164 mil pontos e registrar o 31º recorde de 2025. O movimento foi alimentado pela leitura de que o ciclo de cortes na taxa básica de juros pode estar próximo em função do PIB do terceiro trimestre, divulgado nesta quinta-feira, mostrou perda de ritmo da atividade, influenciada pelos juros ainda em 15% ao ano. O dado reforçou a percepção de que o ciclo de cortes pode começar entre janeiro e março, estimulando a tomada de risco. As informações são do jornal O Globo.
PIB reforça apostas em corte de juros
O índice atingiu 164.551 pontos na máxima intraday e fechou em alta de 1,68%, aos 164.468 pontos. No acumulado do ano, o avanço chega a 36%, impulsionado pelo fluxo estrangeiro e pela perspectiva de alívio monetário.
Gabriel Mollo, analista da Daycoval Corretora, afirma que os números divulgados contribuíram para fortalecer o otimismo. “Fez com que investidores tomassem mais risco, porque começa a mostrar que a política monetária está dando certo e provavelmente, entre janeiro e março, começa o ciclo de cortes”, disse. O mercado de juros futuros já precifica que o Copom pode iniciar a flexibilização na reunião marcada para 29 de janeiro.
Ambiente internacional incentiva entrada de capital
A desaceleração recente do mercado de trabalho nos Estados Unidos aumentou as apostas em cortes pelo Federal Reserve na próxima semana. Uma redução dos juros nos EUA tende a reduzir a atratividade dos títulos do Tesouro e a fortalecer o fluxo para emergentes.
Filipe Villegas, estrategista da Genial Investimentos, avalia que o cenário externo favorece o Brasil. “Os dados mais recentes, principalmente no mercado de trabalho, mostram desaceleração, corroborando nesse sentido. É essa a tempestade perfeita, no bom sentido, nos EUA”, afirmou. Até 2 de dezembro, o saldo de capital estrangeiro na B3 estava positivo em R$ 27,65 bilhões.
Impacto direto dos juros na Bolsa
Segundo Villegas, a queda dos juros reduz o custo da dívida das companhias, ampliando o espaço para investimento e distribuição de dividendos. “Bolsa é lucro. É natural que as empresas possuam endividamento. Se, nos próximos doze meses não tiver nenhum corte de gastos, e ela manter o que ela gera de receita hoje, o simples fato de reduzir juros significa que elas têm menos custos com a dívida, sobrando mais dinheiro para investimento, diminuir alavancagem, e sobra mais dinheiro para distribuir para o acionista”, afirmou. Setores ligados ao consumo cíclico, como varejo e construção, estão entre os mais beneficiados.
JP Morgan projeta salto do índice em 2026
Em relatório, o banco JP Morgan avaliou que o Ibovespa pode alcançar 230 mil pontos no fim de 2026, caso se mantenham as expectativas favoráveis. Para a instituição, a estabilização da inflação, o debate sobre reformas estruturais e a diversificação da alocação estrangeira reforçam o cenário otimista. A projeção representa avanço de cerca de 40% em relação ao nível registrado nesta quinta-feira.
Dólar recua com menor volatilidade no câmbio
O dólar terminou o dia praticamente estável, em leve queda de 0,04%, cotado a R$ 5,31. Na mínima, a moeda bateu R$ 5,28. O DXY avançava 0,14% no mesmo período. Felipe Garcia, chefe da mesa de operações do C6 Bank, afirma que o ambiente internacional vem limitando oscilações.
“Desde que o mercado voltou a estimar fortemente um corte de juro na próxima reunião do Fomc na semana que vem, há baixa volatilidade. E, mesmo com essa expectativa de corte de juros aqui, o real continua sendo uma moeda de maior carrego, o que tem favorecido essa continuidade dos movimentos (de baixa)”, avaliou. Ele pondera que eventuais sinais de deterioração fiscal podem pressionar o câmbio no curto prazo.



