Tarifaço: governo Lula prevê novas negociações com os EUA em janeiro
Mesmo após recuos de Trump, 22% dos produtos brasileiros seguem atingidos pelas taxações
247 - O governo brasileiro projeta uma nova rodada de negociações com os Estados Unidos em janeiro de 2026 para tentar superar o impasse gerado pelo tarifaço imposto por Washington, segundo interlocutores próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ouvidos pelo Metrópoles.
O Planalto vive um momento de relativa tranquilidade e aguarda o retorno da equipe do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nas próximas semanas, após o republicano ter anunciado, em 14 de novembro, a retirada parcial da tarifa de 50% aplicada a produtos brasileiros.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), mesmo após o recuo parcial, 22% das exportações brasileiras para os EUA seguem atingidas pelas taxações. Agora, o governo brasileiro espera um contato formal da Casa Branca para definir a data do próximo encontro entre os negociadores.
Uma segunda reunião entre Lula e Trump está no radar, mas somente deverá ocorrer quando houver avanços concretos nas conversas técnicas entre as duas administrações. Os dois presidentes se encontraram em outubro, na Malásia, ocasião em que estabeleceram a base para as tratativas de um possível acordo comercial.
Agenda internacional intensa em 2026
O próximo ano deve marcar uma ampliação da agenda internacional de Lula, que busca diversificar parcerias e abrir novos mercados para o Brasil. Em fevereiro, o presidente realiza uma visita de Estado à Índia, onde se reunirá com o primeiro-ministro Narendra Modi. O governo brasileiro aposta na possibilidade de ampliar exportações e firmar acordos de cooperação tecnológica, especialmente na área de digitalização de serviços públicos — um setor em que os indianos são referência.
Em abril, Lula desembarca em Hannover, na Alemanha, atendendo convite do chanceler Friedrich Merz para participar da Hannover Messe, considerada a maior feira industrial do planeta. Durante a cúpula do G20 na África, o presidente afirmou que pretende aproveitar a viagem para fortalecer a busca por novos mercados europeus para o biocombustível brasileiro.
Em junho, Lula poderá estar na França como convidado da reunião do G7, grupo que reúne as maiores economias globais. A participação brasileira dependerá, segundo auxiliares, do andamento das relações com a União Europeia e com os Estados Unidos até aquele momento. Já em novembro, Lula deve participar da reunião do G20, que ocorrerá em território norte-americano.
Entre o otimismo e a cautela
Apesar de sinais positivos nas negociações com Washington, o governo brasileiro mantém postura de prudência. A expectativa é que o tarifaço seja superado ainda no primeiro semestre de 2026, com possível impacto político favorável. Paralelamente, o Planalto acelera iniciativas para diversificar parcerias comerciais.
A assinatura do acordo entre Mercosul e União Europeia é aguardada para 20 de dezembro, data prevista para que Lula formalize o documento durante a presidência brasileira do bloco, que termina no fim do ano. No entanto, o avanço depende da votação no Parlamento Europeu, marcada para 18 e 19 de dezembro.
A combinação entre negociações com os EUA, expansão de parcerias estratégicas e a possível conclusão do acordo Mercosul–UE deverá definir o ritmo da política comercial brasileira em 2026, ano considerado decisivo para reposicionar o país na disputa global por mercados e investimentos.



