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Embraer pode suspender investimentos nos EUA se tarifas não forem zeradas, diz diretor

Diretor financeiro afirma que tarifas dos EUA afetam a competitividade e podem levar à revisão dos investimentos

Linha de montagem da fábrica de aviões da Embraer em São José dos Campos (Foto: REUTERS/Carla Carniel)

247 - A Embraer avalia rever parte dos investimentos planejados nos Estados Unidos caso Washington não elimine as tarifas aplicadas ao setor aeronáutico brasileiro. A declaração, segundo a Sputnik Brasil, foi feita pelo diretor financeiro da companhia, Antônio Garcia, ao portal Money Times durante o Prêmio Equilibrista, promovido pelo IBEF-SP. 

O executivo ressaltou que os aportes anunciados recentemente foram definidos antes da decisão do governo norte-americano de manter taxas sobre produtos da indústria aeronáutica do Brasil. Segundo ele, se não houver mudanças, a empresa poderá reavaliar a estratégia prevista para os próximos anos.

Embraer vê perda de competitividade nos EUA

Garcia afirmou que as tarifas impostas pelo governo do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, têm reduzido a competitividade da fabricante no maior mercado de aviação regional do mundo. De acordo com ele, o impacto já chega ao consumidor final. "Quem paga a tarifa é o cliente final. Nós estamos perdendo competitividade", disse.

O diretor explicou ainda que a empresa tem buscado medidas internas para amenizar os prejuízos desde que a tarifa inicial de 10% foi elevada para 50% em julho, voltando depois a 10%. Apesar do esforço, o cenário ainda preocupa.

"Meu trabalho foi tentar reduzir ao máximo, internamente, os impactos das tarifas na nossa operação. Deu resultado, mas ainda é um incômodo. Todos nossos concorrentes já voltaram para a tarifa zero. Se as coisas não mudarem, vamos rever nossa política de investimentos", afirmou.

Aportes no Texas e na Flórida seguem no plano

Mesmo diante do impasse comercial, a Embraer mantém projetos nos Estados Unidos. Em outubro, a empresa confirmou um investimento de R$ 376 milhões para a construção de um novo hangar de manutenção no Texas, parte de um pacote de US$ 500 milhões estimado para os próximos cinco anos.

A unidade de Melbourne, na Flórida, também deve receber novos aportes. Além disso, a companhia considera destinar mais US$ 500 milhões ao país caso o cargueiro KC-390 seja selecionado pela Força Aérea estadunidense.

Tarifa zero é vista como condição estratégica

A Embraer defende isonomia em relação aos concorrentes estrangeiros que já operam sem cobrança de tarifas no mercado estadunidense. A empresa argumenta que a manutenção das taxas coloca em risco sua competitividade e pode comprometer o plano de expansão em um dos setores mais disputados da aviação global.

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