Genoino: "PT deve enfrentar supersalários e privilégios"
Ex-presidente do PT defende, em entrevista à TV 247, agenda de reformas nas instituições do Estado brasileiro. Assista
247 - Ao analisar a crise entre os poderes da República e o funcionamento da alta burocracia do Estado, o ex-presidente nacional do PT José Genoino afirmou, em entrevista à TV 247, que o partido precisa assumir em seus programas uma postura clara contra supersalários e privilégios.
Ele destaca que a política deve se aplicar inclusive quando envolve aliados e quadros da própria sigla. Para ele, sem esse enfrentamento, a esquerda corre o risco de se confundir com as práticas que critica e perder a capacidade de oferecer um projeto transformador para o país.
Genoino relacionou o debate a um problema estrutural, de “espírito de casta” na história política brasileira, que, em sua avaliação, só pode ser enfrentado com reformas institucionais e com uma mudança de postura da esquerda.
“Você sabe que esse espírito de casta na história do Brasil vem daquela famosa frase, os homens bons. Quem eram os homens bons? Eram os que vinham da oligarquia, latifundiários, engenho de açúcar, colônia portuguesa. E essa ideia dos homens de bem, os homens de bem, acabou influenciando a oligarquia que tem seus privilégios”, afirmou.
Para Genoino, enfrentar supersalários e benesses da cúpula estatal exige a definição de regras claras de conduta para quem ocupa cargos de direção nos poderes da República. Ao comentar a proposta de um código de ética para o STF, ele defendeu que o controle não pode ser restrito ao Judiciário. “Eu acho que deve se estabelecer regras, regras democráticas e republicanas para quem exerce cargo na chefia dos poderes. Vale pro parlamento, pro Executivo, ministro do Executivo, vale para ministro do Supremo”, disse.
Ao tratar diretamente do papel do PT diante desse cenário, Genoino defendeu que o partido não pode se omitir. “O PT tem que ter uma posição muito clara sobre isso, por exemplo. E aí ele tem que às vezes cortar na própria carne. Não dá para ter uma deputada estadual que vota da maneira que votou na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Quer dizer, isso quando chegar na eleição, eles vão pegar esse fato e dizer que o PT é igual aos outros”, afirmou. Assista:



