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Falha em buscas da Meta gera reação da bancada do PT na Câmara

Parlamentares criticam sumiço temporário de perfis políticos e reforçam necessidade de regulamentação das plataformas digitais

Impressão em 3D de logo da Meta sobre teclado de computador, em foto de ilustração (Foto: REUTERS/Dado Ruvic)

247 - A bancada do PT na Câmara manifestou preocupação após o desaparecimento temporário de perfis de parlamentares, lideranças progressistas e entidades nas redes sociais, especialmente no Instagram. A situação ocorreu entre terça-feira (9) e quarta-feira (10), enquanto a Câmara debatia o projeto de lei de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. 

O episódio ganhou relevância após denúncias de ativistas digitais e de reportagens que registraram falhas generalizadas na busca por perfis políticos nas plataformas da Meta. Usuários do Instagram e do Facebook relataram dificuldade para localizar contas de figuras públicas de diferentes campos ideológicos, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e deputados de direita e extrema-direita. 

Preocupação com impacto democrático

De acordo com a nota divulgada pelo líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), alguns perfis simplesmente deixaram de ser identificados pelos mecanismos internos de busca das plataformas, tanto pelos próprios administradores quanto pelo público. O texto destaca que a falha ocorreu justamente durante uma votação sensível no Congresso, alimentando apreensões sobre possíveis assimetrias no funcionamento das redes.

A Meta atribuiu o problema a um erro técnico pontual, alegando que a instabilidade afetou perfis de diferentes espectros políticos e não estaria relacionada a uma ação direcionada. A empresa afirmou que se tratava de uma limitação momentânea no sistema de busca do Instagram e informou que a falha havia sido corrigida.

Mesmo assim, a bancada petista ressaltou que denúncias sobre prejuízos ao alcance de conteúdos produzidos pelo campo progressista não são inéditas. Segundo os parlamentares, o episódio reforça preocupações sobre a influência das Big Techs no debate público e sobre possíveis impactos na visibilidade de vozes democráticas.

Soberania digital como pauta urgente

Na manifestação, a bancada argumenta que o Brasil precisa avançar com urgência em sua soberania digital para evitar que interesses privados e estrangeiros interfiram no ambiente democrático nacional. O texto afirma que empresas globais de tecnologia operam a partir de lógicas próprias, “alinhadas à extrema-direita mundial” e distantes do compromisso com o desenvolvimento social do país.

Os parlamentares também advertiram que qualquer mecanismo que resulte no silenciamento, restrição ou invisibilização de vozes progressistas, especialmente em período pré-eleitoral, representa um risco direto à liberdade de expressão e ao pluralismo. A bancada conclui que o episódio evidencia a necessidade imediata de regulamentação das plataformas digitais no Brasil, uma vez que elas detêm grande capacidade de influenciar o ambiente informativo e o funcionamento das instituições democráticas.

Nota da Liderança da Bancada do PT na Câmara

A Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados expressa profunda estranheza com o desaparecimento de diversos perfis nas redes sociais pertencentes a parlamentares do PT e do campo progressista, bem como de entidades e lideranças deste campo, ocorrido na noite de terça-feira (9 de dezembro), justamente quando a Câmara dos Deputados debatia e votava um projeto de lei voltado à anistia aos Golpistas do 8 de janeiro.

Conforme amplamente denunciado por ativistas digitais, alguns perfis sequer foram  localizados pelos mecanismos de busca das plataformas, pelos seus proprietários ou pelo público, notadamente no Instagram, pertencente à Meta.

A empresa atribuiu o problema a uma falha técnica pontual, restrita ao sistema de busca de contas, que atingiria perfis de diferentes espectros políticos. Entretanto, não é de hoje que há denúncias contra as plataformas digitais por sua atuação favorável à extrema-direita, em detrimento do campo democrático e popular.

O fato evidencia a urgência de o Brasil construir sua soberania digital. Uma sociedade plural e democrática não pode permanecer à mercê de Big Techs, que se movem por interesses estranhos à democracia e à soberania nacional, alinhadas à extrema-direita mundial e sem compromisso com o desenvolvimento econômico e social do País.

Reiteramos um alerta indispensável: qualquer forma de silenciamento, restrição ou invisibilização de nossas vozes, especialmente em período pré-eleitoral, configura um risco concreto à liberdade de expressão, ao pluralismo e ao debate público no país. A situação evidencia, de forma cristalina, a necessidade premente de regulamentação das plataformas digitais no Brasil, que contam com um gigantesco poder para tentar desestabilizar a democracia e suas instituições.

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