Aviões dos EUA se unem a caças do Japão em recado militar à China
Operação sobre o Mar do Japão reforça mensagem militar após ações exercícios sino-russas
247 - Bombardeiros estratégicos dos Estados Unidos voaram ao lado de caças japoneses sobre o Mar do Japão em uma demonstração de força que ocorre na esteira dos exercícios conjuntos realizados recentemente por China e Rússia. As informações foram divulgadas pelo Ministério da Defesa do Japão e foram repercutidas pela Reuters.
No comunicado, publicado nesta quinta-feira (11), o governo japonês destacou que a operação conjunta reafirma a aliança de Tóquio e Washington. A missão envolveu dois bombardeiros B-52 americanos e aeronaves F-35 e F-15 da Força de Autodefesa japonesa.
Segundo o Ministério da Defesa japonês, a atividade marca a primeira exibição de presença militar americana desde que a China iniciou novos exercícios na região na semana passada. O movimento também ocorre após um voo conjunto de bombardeiros chineses e russos no Mar da China Oriental e no Pacífico Ocidental, realizado na terça-feira, evento que levou Japão e Coreia do Sul a mobilizar caças.
Os recentes exercícios chineses envolveram ainda operações com porta-aviões, o que levou Tóquio a acionar suas aeronaves ao detectar o que descreveu como “feixes de radar direcionados” contra seus caças. A China rejeitou a acusação e afirmou que foram os jatos japoneses que colocaram em risco suas operações ao sul do país.
Washington criticou o episódio, afirmando que “não conduz à paz e estabilidade regionais”, além de reiterar que sua aliança com o Japão permanece “inquebrantável”.
O chefe do Estado-Maior Conjunto do Japão, general Hiroaki Uchikura, classificou o voo sino-russo como um recado direto ao país. “Consideramos que isso representa uma preocupação grave do ponto de vista da segurança do Japão”, afirmou.
O ministro da Defesa, Shinjiro Koizumi, manifestou preocupação semelhante em conversa telefônica com o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, segundo o governo japonês.
Em Pequim, a fala oficial adotou tom de normalidade. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Guo Jiakun, disse que os exercícios com a Rússia integram o plano anual de cooperação militar entre os dois países e reforçam o compromisso conjunto de “salvaguardar a paz e a estabilidade regionais”. Ele acrescentou que “o lado japonês não precisa fazer tempestade em copo d’água”.
A Coreia do Sul também relatou ter acionado suas aeronaves quando os bombardeiros chineses e russos entraram na zona de identificação de defesa aérea do país, área usada para alerta antecipado e que se estende além do espaço aéreo nacional.
Paralelamente, Taiwan afirma que registrou um segundo dia consecutivo de intensificação das atividades militares chinesas ao redor da ilha. O Ministério da Defesa de Taipé informou ter detectado 27 aeronaves, entre elas bombardeiros H-6K, capazes de transportar armas nucleares, em missão de “prontidão de combate conjunta”, acompanhadas de navios militares. Na noite de quarta-feira, caças J-16 e bombardeiros H-6 realizaram novo treinamento de longo alcance no Pacífico Ocidental após cruzarem ao sul de Taiwan.
As tensões regionais aumentaram desde que a primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, provocou reação de Pequim com declarações sobre como Tóquio poderia responder a um hipotético ataque chinês contra Taiwan. A China reivindica a ilha governada democraticamente e não descarta o uso da força para tomá-la, lembrando que o território fica a pouco mais de 100 km do arquipélago japonês e circundado por rotas marítimas vitais para o Japão.



