China reage a ameaça de tarifas dos EUA sobre semicondutores
Pequim afirma que não aceitará sanções unilaterais e cobra diálogo com Washington para evitar impacto nas cadeias globais de tecnologia
247 - A China afirmou nesta quarta-feira (24) que adotará “medidas adequadas” para proteger seus interesses caso os Estados Unidos avancem com a imposição de tarifas sobre semicondutores de origem chinesa. A posição foi apresentada pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian, durante uma coletiva de imprensa em Pequim, em resposta a uma proposta recente do governo norte-americano.
De acordo com informações divulgadas pelo próprio Ministério das Relações Exteriores da China, a iniciativa dos Estados Unidos foi apresentada na terça-feira (23) pela Representação Comercial americana, sob a justificativa de que Pequim se beneficiaria de práticas consideradas desleais para ampliar sua presença na indústria global de chips.
Durante a coletiva, Lin Jian deixou claro que o governo chinês rejeita qualquer tentativa de restrição comercial direcionada ao setor tecnológico do país. Segundo ele, a China “se opõe firmemente” à imposição de tarifas e à perseguição de empresas chinesas. O porta-voz também alertou para os efeitos globais da medida, afirmando que a prática americana “desestabiliza as cadeias industriais e de suprimentos globais, sufoca a indústria de semicondutores de outros países e não beneficia a ninguém”.
O diplomata aproveitou a ocasião para cobrar uma mudança de postura de Washington. Ele apelou para que os Estados Unidos “corrijam imediatamente seus erros” e ajam de acordo com os “importantes entendimentos comuns” estabelecidos entre os presidentes dos dois países, ressaltando que divergências devem ser solucionadas por meio do diálogo e não de ações unilaterais.
Do lado norte-americano, o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na segunda-feira (22) a intenção de aplicar tarifas mais elevadas sobre microprocessadores chineses, com início previsto apenas para junho de 2027. Segundo o governo, a taxa específica será divulgada 30 dias antes de a medida entrar em vigor.
Trump já havia reforçado anteriormente sua estratégia de pressão sobre Pequim. Em entrevista à Fox News exibida em novembro, declarou: “Me dou muito bem com o presidente Xi, me dou muito bem com a China, mas a única maneira de se dar bem com a China é negociar a partir de uma posição de força”. A sinalização mantém o clima de tensão entre as duas maiores economias do mundo, especialmente em um setor considerado estratégico para o futuro da tecnologia global.


