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      China refuta acusações sobre fentanil e critica isolacionismo dos EUA: "a História não deve andar para trás"

      Chanceler chinês Wang Yi elevou o tom contra a administração de Donald Trump e afirmou ser impossível manter boas relações em meio a pressões arbitrárias

      Wang Yi, chanceler da China, e Donald Trump, presidente dos EUA (Foto: Xinhua | Reuters)
      Guilherme Paladino avatar
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      Guilherme Paladino, de Pequim, para o 247 - A China voltou a se opor de forma contundente ao protecionismo econômico e ao unilateralismo dos Estados Unidos em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (7), no âmbito da sessão anual do Congresso Nacional do Povo. O ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, afirmou que, se todas as nações priorizassem apenas seus próprios interesses e ignorassem regras internacionais - como observado no princípio 'America First, adotado atualmente pela gestão Donald Trump nos EUA -, o mundo estaria à beira do caos.

      "Há mais de 190 países no mundo. Todos deveriam pregar o princípio de ‘meu país em primeiro lugar’? Se fosse assim, a lei da selva reinaria novamente e países pequenos se prejudicariam”, afirmou o chanceler chinês.

      Yi relembrou a Conferência de Paris há mais de um século, citando o questionamento chinês sobre o direito dos países mais poderosos de dominarem a geopolítica. “A história deveria ir para frente, não para trás. Um país grande deveria não ser egoísta”, afirmou, em referência à política externa norte-americana. Ele também comparou visões de mundo distintas, citando a ideia ocidental de que “os amigos são passageiros e os interesses são permanentes”, mas defendendo a visão chinesa ded que “amizades deveriam ser permanentes e buscar interesses comuns”.

      Acusações sobre o fentanil

      Ao ser questionado sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos chineses sob o pretexto de coibir a exportação de fentanil, Yi foi categórico ao rejeitar a justificativa. “Respeito mútuo é a chave para as relações internacionais. Nenhum país pode fantasiar que vai suprimir a China e manter relações boas ao mesmo tempo”, declarou.

      O chanceler enfatizou que a China tem tomado medidas concretas contra o tráfico de fentanil e lembrou que, em 2019, foi o primeiro país a classificar substâncias derivadas do opioide, atendendo a um pedido dos próprios Estados Unidos. “Um problema dos EUA deve ser resolvido pelos próprios EUA. Os EUA não devem responder o bem com o mal ou impor tarifas arbitrárias. O que foi alcançado pelas tarifas? Os negócios ficaram mais positivos? A inflação ficou melhor ou pior? A vida das pessoas?”, questionou Wang.

      Coletiva de imprensa do chanceler chinês Wang Yi, em Pequim - 07/03/2025
      Coletiva de imprensa do chanceler chinês Wang Yi, em Pequim - 07/03/2025(Photo: Guilherme Paladino/Brasil 247)Guilherme Paladino/Brasil 247

      Ele reforçou a necessidade de uma relação baseada na cooperação e no respeito mútuo. “A China vai tomar medidas contra a pressão arbitrária. China e os EUA vão ficar nesse planeta por muito tempo, então devem buscar coexistência pacífica. Nosso presidente Xi disse a Trump que confronto não deveria ser uma opção. Há espaço para cooperação. Os países deveriam ser parceiros”, afirmou.

      Compromisso com o multilateralismo e a ONU

      Wang Yi também reafirmou o compromisso da China com o multilateralismo e a governança global, enfatizando o papel central da Organização das Nações Unidas (ONU) na manutenção da ordem internacional. “Para evitar que o mundo retorne à lei da selva, é imperativo cimentar a pedra angular da igualdade soberana, defender o princípio da imparcialidade e da justiça, observar o multilateralismo e fortalecer a autoridade do estado de direito internacional”, ressaltou o chanceler.

      O ministro destacou que, em um momento em que a ONU completa 80 anos, é essencial fortalecer suas instituições e impedir o avanço do unilateralismo e da política de poder por algumas nações. Ele delineou quatro princípios fundamentais que devem guiar a ordem global: igualdade soberana, justiça e equidade, respeito ao multilateralismo e fortalecimento do estado de direito internacional.

      “A China é tanto uma criadora quanto uma beneficiária da ordem internacional pós-Segunda Guerra Mundial e continuará sendo uma de suas principais defensoras”, afirmou Wang, destacando que o país está comprometido com iniciativas como a Iniciativa Cinturão e Rota e a construção de uma “comunidade de futuro compartilhado para a humanidade”.

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