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Em carta a Lula, União Europeia confirma assinatura de acordo com Mercosul em janeiro

Assinatura não ocorreu em dezembro por entraves no Conselho Europeu, segundo o documento

Brasília (DF) - 24/04/2025 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia de sanção de projetos de lei (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

247 - Os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, Ursula von der Leyen e António Costa, enviaram uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmando o compromisso da União Europeia com a assinatura do acordo de livre comércio entre o bloco europeu e o Mercosul no início de janeiro de 2026. A manifestação ocorreu após a frustração com a não conclusão do tratado durante a Cúpula do Mercosul, realizada em Foz do Iguaçu, no Paraná.

No documento, segundo a CNN Brasil, os líderes europeus explicam que a assinatura prevista para dezembro não avançou devido à necessidade de concluir procedimentos internos no Conselho Europeu, instância responsável por autorizar formalmente o acordo.

Carta reconhece atraso e reafirma compromisso

Na mensagem enviada a Lula, Ursula von der Leyen e António Costa detalham os motivos do adiamento. “Embora, lamentavelmente, não seja possível avançar com a assinatura dos acordos em 20 de dezembro, uma vez que os procedimentos internos no Conselho necessários para autorizar a assinatura ainda estejam em fase de conclusão, estamos trabalhando ativamente para finalizar essas etapas sem demora”, afirmam.

Os dirigentes reforçam que o atraso não representa abandono do processo. “Nesse contexto, gostaríamos de reafirmar nosso firme compromisso de prosseguir com a assinatura do Acordo de Parceria UE–Mercosul e do Acordo Comercial Interino no início de janeiro, em um momento a ser acordado entre as respectivas partes”, diz o texto.

Pressões internas barraram assinatura em dezembro

A assinatura do tratado era esperada para ocorrer neste sábado (20), durante a cúpula do Mercosul no Brasil, último encontro do bloco sob a presidência brasileira antes da transferência do comando ao Paraguai. A reunião havia sido inicialmente marcada para o início de dezembro e foi adiada diante da expectativa da presença de Ursula von der Leyen para formalizar o tratado.

No entanto, pedidos de adiamento feitos por França e Itália no âmbito do Conselho Europeu impediram o avanço da votação. Sem o aval do colegiado, a presidente da Comissão Europeia ficou impossibilitada de realizar a assinatura.

Agricultores europeus lideram resistência ao acordo

O principal foco de resistência dentro da União Europeia vem do setor agrícola. Produtores rurais, especialmente em países como França e Itália, pressionam seus governos contra o acordo, temendo que a ampliação da entrada de produtos sul-americanos comprometa seus mercados internos.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, declarou que trabalha para convencer o setor agrícola de seu país e viabilizar a assinatura em janeiro. Diante desse cenário, os países do Mercosul concordaram em aguardar a definição europeia.

Lula cobra coragem política dos líderes europeus

Durante a cúpula, o presidente Lula fez críticas à demora na conclusão do tratado e cobrou uma postura mais firme das lideranças europeias. “Sem coragem e vontade política dos dirigentes, não será possível concluir negociação que já se arrasta por 26 anos”, afirmou.

Na carta, Ursula von der Leyen e António Costa também elogiaram o papel do presidente brasileiro. “Gostaríamos de expressar nossa sincera gratidão por sua liderança e por seu firme compromisso pessoal com o relacionamento entre a União Europeia e o Mercosul”, escreveram.

Segundo os líderes europeus, os acordos representam um passo estratégico para o fortalecimento das relações entre as duas regiões. “Esses acordos enviam um sinal poderoso de nossa determinação coletiva em aprofundar a cooperação com base em valores compartilhados, confiança mútua e interesses de longo prazo”, conclui o documento.

Leia a íntegra da carta. 

"Gostaríamos de expressar nossa sincera gratidão por sua liderança e por seu firme compromisso pessoal com o relacionamento entre a União Europeia e o Mercosul. Seu engajamento e sua visão foram fundamentais para manter o impulso e a confiança em um momento decisivo para nossa parceria.

Gostaríamos de reafirmar nosso compromisso compartilhado com a assinatura do Acordo de Parceria UE–Mercosul e do Acordo Comercial Interino, que constituem a base central para o fortalecimento adicional dos laços políticos, econômicos e estratégicos entre nossas duas regiões. Esses acordos enviam um sinal poderoso de nossa determinação coletiva em aprofundar a cooperação com base em valores compartilhados, confiança mútua e interesses de longo prazo.

Embora, lamentavelmente, não seja possível avançar com a assinatura dos acordos em 20 de dezembro, uma vez que os procedimentos internos no Conselho necessários para autorizar a assinatura ainda estejam em fase de conclusão, estamos trabalhando ativamente para finalizar essas etapas sem demora. Nesse contexto, gostaríamos de reafirmar nosso firme compromisso de prosseguir com a assinatura do Acordo de Parceria UE–Mercosul e do Acordo Comercial Interino no início de janeiro, em um momento a ser acordado entre as respectivas partes. Estamos confiantes de que levar esse processo a uma conclusão rápida evidenciará nossa determinação compartilhada e proporcionará clareza e segurança a todas as partes interessadas".

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