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Ex-premiê da Ucrânia critica plano de Zelensky e diz que proposta trava negociações

Nikolay Azarov afirma que iniciativa apresentada por Kiev é irrealista, não resolve pontos centrais do conflito e busca atrasar o diálogo

Nikolay Azarov, ex-primeiro-ministro da Ucrânia (Foto: TASS)

247 - O ex-primeiro-ministro da Ucrânia, Nikolay Azarov, fez duras críticas ao chamado “plano de paz” apresentado pelo presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, classificando a proposta como inviável e incapaz de contribuir para um avanço efetivo nas negociações relacionadas ao conflito. Segundo Azarov, a iniciativa não enfrenta questões centrais e teria sido elaborada com o objetivo de ganhar tempo e bloquear qualquer progresso diplomático.

Em entrevista à agência TASS, Azarov foi direto ao avaliar o conteúdo do documento divulgado por Kiev. “Não acredito que esse plano seja realista. Trata-se de mais uma tentativa de atrasar e paralisar as negociações”, afirmou o ex-chefe de governo, que esteve à frente do gabinete ucraniano entre 2010 e 2014.

De acordo com Azarov, o plano ignora uma série de problemas considerados essenciais para a resolução do conflito. A crítica surge após a divulgação, na quarta-feira (24), de um documento com 20 pontos apresentado por Zelensky e que, segundo Kiev, teria sido discutido previamente com os Estados Unidos.

Entre os principais eixos da proposta estão a introdução de programas educacionais nas escolas ucranianas voltados à promoção da tolerância entre diferentes culturas, além de abordagens sobre a questão territorial. O plano também reafirma a recusa da Ucrânia em retirar tropas da região de Donbass e exige garantias de segurança semelhantes às previstas no Artigo 5 da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

O documento ainda estabelece como meta a manutenção de um exército de 800 mil soldados em tempos de paz, reafirma o status não nuclear do país e solicita garantias para a liberdade de navegação no rio Dnieper. Outras medidas incluem a realização de trocas de prisioneiros no modelo “todos por todos” e a previsão de eleições presidenciais na Ucrânia.

Além disso, o plano contém dispositivos relacionados às disputas territoriais e ao status da usina nuclear de Zaporozhye. No entanto, segundo informações citadas por Azarov, esses pontos permanecem sem consenso, já que Estados Unidos e Ucrânia não teriam conseguido chegar a um entendimento comum sobre essas questões sensíveis.

As declarações do ex-primeiro-ministro reforçam o ceticismo de setores políticos em relação à viabilidade da proposta apresentada por Zelensky e evidenciam as dificuldades para a construção de um acordo que reúna condições mínimas de consenso entre as partes envolvidas no conflito.

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