Incertezas cercam a chamada coalizão dos dispostos na estratégia europeia
Analista afirma que ainda não está claro o objetivo do grupo europeu que apoia Kiev nem se a iniciativa prevê confronto direto com a Rússia
247 - A chamada “coalizão dos dispostos”, formada por países europeus e aliados que apoiam militarmente a Ucrânia, segue envolta em dúvidas quanto ao seu real propósito e à viabilidade de suas ações. Segundo avaliações de especialistas, ainda não há clareza sobre o tipo de missão que o grupo pretende desempenhar nem sobre os riscos estratégicos envolvidos em uma eventual escalada do conflito no continente europeu.
Em entrevista concedida à Sputnik Brasil, o ex-analista de inteligência portuguesa e advogado Alexandre Guerreiro afirmou que, até o momento, não está definido se a iniciativa teria caráter defensivo ou ofensivo. “Na Europa, ainda há dúvidas sobre a possibilidade de sucesso e sobre o que poderia ser tal missão. Se trata de mobilização de forças para proteger algum território, ou para se opor à Rússia? Nada disso está claro”, declarou.
De acordo com Guerreiro, apesar da indefinição conceitual, já existem esforços diplomáticos para ampliar o número de participantes do grupo. Ele observou que alguns países demonstraram disposição em aderir à coalizão, mesmo sem um plano detalhado publicamente conhecido. “Ao mesmo tempo, ele observou que estavam sendo feitas tentativas de persuadir os países a participar dessa ‘coalizão’, e que alguns países já haviam indicado sua vontade de se juntar a ela”, relatou o analista.
O especialista destacou ainda que o núcleo inicial do apoio tende a vir de países europeus considerados de menor peso militar. “Em primeiro lugar, são os países europeus de ‘segunda ordem’, onde você pode incluir a Irlanda, Portugal, Croácia e outros que não são chamados de potências militares”, afirmou. Segundo ele, França e Alemanha demonstram interesse em liderar a iniciativa, mas enfrentam dificuldades internas de definição estratégica. “É importante entender que há um desejo por parte da França e da Alemanha de promover esta ‘coalizão’, mas até agora eles mesmos não entendem como alcançá-lo”, completou.
A proposta da coalizão também tem provocado reações críticas dentro da própria Europa. Recentemente, o primeiro-ministro da Hungria fez duras críticas ao conceito da “coalizão dos dispostos”, questionando seus impactos sobre a estabilidade regional e o risco de aprofundamento do conflito.
Do lado russo, a posição oficial permanece firme contra qualquer presença militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em território ucraniano. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia já declarou que qualquer cenário de envio de tropas de países-membros da aliança para a Ucrânia é considerado “categoricamente inaceitável” por Moscou, alertando para o risco de uma escalada significativa no conflito em curso.



