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Irã reage a ameaça de Trump e promete resposta “imediata e dura” a qualquer ataque

Ali Shamkhani diz que capacidade de mísseis e defesas iranianas “não depende de permissões” após presidente dos EUA elevar o tom sobre o programa nuclear

Líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, discursa em evento para estudantes em Teerã, Irã - 03/11/2025 (Foto: Escritório do Líder Supremo do Irã)

247 – O Irã elevou o tom nesta terça-feira ao responder às declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e advertiu que qualquer agressão contra o país será recebida com uma retaliação “imediata e dura”. A mensagem foi divulgada por Ali Shamkhani, conselheiro do líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, em meio ao aumento das tensões no Oriente Médio e à retomada de ameaças envolvendo o programa nuclear iraniano.

A informação foi publicada pela Sputnik Brasil, com base em relato da agência AFP, e repercute um posicionamento público de Shamkhani na rede social X, no qual o alto assessor do regime iraniano buscou demonstrar prontidão militar e independência estratégica diante das pressões de Washington.

“Vai além da imaginação”, diz conselheiro de Khamenei

Na declaração, Shamkhani afirmou que o Irã não aceita limitações externas sobre sua capacidade de defesa e advertiu que qualquer ofensiva teria consequências amplas. Segundo a mensagem reproduzida pela AFP, ele escreveu:

 “As capacidades de mísseis e defesas do Irã não são limitadas ou dependentes de permissões. Qualquer agressão terá uma resposta imediata e dura que vai além da imaginação de seus organizadores.”

A fala sugere que Teerã pretende sinalizar dissuasão, reafirmando que suas forças armadas manteriam autonomia para reagir a um eventual ataque, especialmente em um contexto regional já marcado por escaladas militares e disputas indiretas.

Trump ameaça consequências “muito sérias” se Irã retomar o programa nuclear

A reação iraniana ocorre após Trump afirmar que o Irã enfrentaria punições muito mais graves caso retome o programa nuclear. O presidente dos EUA disse que a informação ainda não estaria confirmada, mas tratou o tema como uma possibilidade que exigiria resposta imediata de Washington.

Durante coletiva de imprensa realizada após reunião com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, em Mar-a-Lago, Trump declarou:

 “Eu admito que o Irã está se comportando mal [na questão do programa nuclear]. Ainda não foi confirmado, mas se for, eles sabem as consequências. As consequências serão muito sérias, talvez ainda mais graves do que da última vez.”

A expressão “da última vez” remete ao histórico recente de confrontos e pressões sobre o programa nuclear iraniano — um tema que voltou ao centro da agenda diplomática e militar dos Estados Unidos, sobretudo diante da aliança estratégica com Israel e da instabilidade persistente no Oriente Médio.

Tensão militar e disputa estratégica no Oriente Médio

O episódio evidencia o nível de deterioração do ambiente diplomático entre Washington e Teerã, com trocas públicas de ameaças e reafirmações de força. Enquanto Trump busca reforçar uma postura de intimidação para conter o programa nuclear iraniano, o Irã responde reforçando o discurso de soberania e capacidade de retaliação.

A escalada verbal também ocorre em um momento em que atores regionais e potências globais observam com preocupação a possibilidade de ampliação de conflitos no Oriente Médio. Para Teerã, o tema nuclear tem sido tratado como questão de segurança nacional e de sobrevivência estratégica, enquanto os Estados Unidos e Israel argumentam que a contenção do programa é essencial para a estabilidade regional.

O que está em jogo

A disputa em torno do programa nuclear iraniano costuma funcionar como gatilho para crises internacionais, envolvendo ameaças de sanções, pressões diplomáticas e, em cenários extremos, ações militares diretas ou operações de inteligência. O alerta de Shamkhani, ao prometer reação “além da imaginação”, busca reforçar o custo político e militar de qualquer tentativa de ataque, ao mesmo tempo em que funciona como recado interno e externo de firmeza do regime.

Com declarações de ambos os lados, o cenário tende a permanecer volátil, especialmente se surgirem novos indícios sobre atividades nucleares iranianas ou se houver novas movimentações militares na região.

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